Faz tempo, - eu já estava aposentado - encontrei-me com o professor Hermógenes, diretor do horto da UNICAMP. Ele me sorriu e disse:“Aquele seu sonho vai ser realizado...“ O meu sonho a que ele se referia era uma antiga proposta minha à direção da universidade: que houvesse, no campus, um espaço onde se plantassem árvores para os professores, funcionários e alunos mortos. Cada cadáver seria uma semente. Seria o “Jardim dos Encantados“. Uma semana depois desse encontro o Hermógenes morreu, em meio às árvores que ele tanto amava. E o sonho foi esquecido...
A Prefeitura poderia criar estímulos para que os terrenos vazios, baldios, se transformassem em jardins abertos aos moradores dos bairros. Os próprios moradores, vizinhos, seriam os jardineiros. É tão simples. E estímulos para que todos fizessem um jardinzinho – ainda que seja um jardinzinho de janela...
Kurosawa fez um filme maravilhoso sobre isso: um burocrata que, sabendo que ia morrer, tomou a decisão de gastar seus últimos meses lutando contra a burocracia, a fim de permitir que os moradores de um bairro pudessem plantar um jardim. Se não me equivoco o nome do filme era “Viver“. Filme velho, preto e branco. Acho que não se encontra nas locadoras.
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