Uma das coisas que nós fortalezenses mais dizemos de nós mesmos que é que somos “pessoas mal-educadas”. Eu leio isso direto no jornal e ouço nas conversas. O adjetivo, geralmente, vem casado com o lixo que teima em se espalhar pelas ruas e tornar Fortaleza uma das cidades mais mal cheirosas que eu conheço. De ponta a ponta.
Uma boa parte da Aldeota, por exemplo, tem cheiro de cocô de cachorro; a Praia de Iracema e alguns trechos da avenida Beira-Mar cheiram a esgoto. Nos arredores do Dragão do Mar, o ar é quase irrespirável. Ali próximo à Rodoviária, uns pedaços de rua são intransitáveis. Do Centro, a gente nem fala. Quanto mais se anda pela cidade, mais se tem a sensação de que o fedor vai piorando consideravelmente. A Parquelândia e o miolo do
Papicu talvez sejam os lugares que eu conheço com ar mais ameno. E a vegetação pode dar alguma ajuda.
Apesar disso, eu não acho que o fortalezense seja mal- educado. Nós somos mal-ensinados. Isto sim. Eu procurei saber qual o projeto que as escolas públicas municipais desenvolvem quanto à questão do lixo com as crianças do Infantil e Ensino Fundamental e suas famílias. Não existe este projeto. Ele é pontual na Semana do Meio Ambiente. Pronto.
E esta é uma questão de emergência. Uma cidade com quase três milhões de criaturas precisa de uma cruzada para o trato com o ambiente de forma constante, sistemática e que envolva todo mundo: ricos e pobres, bairros nobres e periferia, escolas públicas e privadas, empresas, igrejas, partidos políticos, ONGs, gente de esquerda, de direita, militantes de todos os gêneros, universidades públicas e privadas.
Precisamos nos livrar desta pecha de mal-educados ensinando nosso povo regras básicas: não jogar lixo no chão, do lado de fora do carro, nas esquinas. E multar pesadamente os estabelecimentos que não cuidarem do seu lixo de forma apropriada. Esse negócio de beleza é muito subjetivo. O que Fortaleza precisa é ser saudável. Por nós e pelos nossos filhos.
Regina Ribeiro - Editora das Edições Demócrito Rocha
reginah_ribeiro@yahoo.com.br
fonte: JORNAL OPOVO
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