Vítima de enchente no Paquistão (Foto: Reuters)

Não sei quase nada sobre o Paquistão, só que é um país problemático, aliado inconfiável dos EUA, com tendência para governos corruptos e incapazes de controlar boa parte do território, como as montanhas na fronteira com o Afeganistão em que se refugia o Taleban.
Sei também, agora, que passa por uma das piores enchentes já ocorridas lá, com casos de cólera confirmados pela ONU. As cheias vitimaram 20 milhões de pessoas, deixando mais de 1,6 mil mortos. É desastre natural para ninguém botar defeito.
É, também, perfeitamente compatível com as previsões de aumento de eventos climáticos extremos feitas pelo IPCC. Não se pode afirmar com segurança que esta enchente em particular seja diretamente causada pelo aquecimento global antropogênico (provocado pelo homem, ou AGA), mas a maior incidência de desastres naturais -- como a atual onda de calor na Rússia -- corrobora a afirmação de que ele já é uma realidade.
Até empresas de seguros e resseguros, como a Munich Re, aceitam isso.
A reação do governo do Paquistão já está sendo criticada no país, assim como foi a de George W. Bush no furacão Katrina. Suponha que as enchentes sejam tão graves e a revolta com o governo, tão grande, a ponto de torná-lo instável. Instabilidade num país dotado de armas nucleares, conflitos intermitentes com a igualmente nuclearizada Índia e acossado pelo Taleban não é bem uma coisa desejável.