segunda-feira, 31 de maio de 2010

uma reflexão sobre cidadania ambiental.

Veja esta entrevista

LEIA E REFLITA

Passeio socrático
Escrito por Frei Betto   
20-Abr-2010
 
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz nos seus mantos cor de açafrão.
 
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos dependurados em telefones celulares; mostravam-se preocupados, ansiosos e, na lanchonete, comiam mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, muitos demonstravam um apetite voraz. Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz felicidade? O dos monges ou o dos executivos?
 
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: "Não foi à aula?" Ela respondeu: "Não, minha aula é à tarde". Comemorei: "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir um pouco mais". "Não", ela retrucou, "tenho tanta coisa de manhã..." "Que tanta coisa?", indaguei. "Aulas de inglês, balé, pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: "Que pena, a Daniela não disse: ‘Tenho aula de meditação!’" .
 
A sociedade na qual vivemos constrói super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas muitos emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram que, agora, mais importante que o QI (Quociente Intelectual) é a IE (Inteligência Emocional). Não adianta ser um super-executivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!
 
Uma próspera cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
 
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega AIDS, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…
 
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é ‘entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilidade coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!". O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
 
Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globocolonizador, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
 
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
 
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer de uma cadeia transnacional de sanduíches saturados de gordura...
 
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, que morreu no ano 399 antes de Cristo, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz."
 
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Luis Fernando Veríssimo e outros, de "O desafio ético" (Garamond), entre outros livros.
 
Website: http://www.freibetto.org/
 

para refletir

DESASTRE ECOLÓGICO

Veja este desastre.

ativando a cidadania.

VEJA ESTA EXPERIÊNCIA

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ESCOLA AMBIENTAL NO FIGUEIREDO CORREIA

Escola Ambiental Aprendizes da Natureza presente na Escola Figueiredo Correia.

Neste Sábado dia 29 de Maio a ESCOLA AMBIENTAL APRENDIZES DA NATUREZA estará presente na Escola Figueiredo Correia desenvolvendo Curso de Educação Ambiental com as seguintes temáticas:
  1. CIDADANIA E ÉTICA AMBIENTAL 
  2. MANDAMENTOS AMBIENTAIS 
  3. VIDA SAUDÁVEL
  4. QUALIDADE DE VIDA 
  5. ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL 
  6. ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS NA DEFESA DO AMBIENTE

DISCUSSÃO SOBRE O PRE - SAL

SEMANA DE GEOLOGIA NA UFC

quarta-feira, 26 de maio de 2010

um texto para reflexão


RESPONSABILIDADE AMBIENTAL : AÇÃO VERDADEIRA OU MERO MARKETING ?


            A Responsabilidade Ambiental vem sendo hoje uma das atitudes mais cobradas no mundo empresarial que tem grandes contribuições para a mudança do perfil empresarial  e para uma postura afinada com as necessidades de mudanças no ritmo de utilização da natureza pelos que dominam a economia e ditam as regras de obtenção de riqueza no mundo moderno. A sustentabilidade é hoje um tema mais forte em termos de discussão sobre a correta ação das empresas na geração de lucros e na preocupação com os dilemas da sociedade em que estão inseridas. A busca por um ambiente digno é vital para o desenvolvimento da prática econômica nos dias que hoje tem promovido grandes preocupações em relação ao futuro do planeta e dos seres que nele vivem.
            É importante que a postura dos empresários em busca de uma nova visão pautada na conquista de um futuro sustentável seja trabalhado firmemente nos modelos de gestão empresarial que hoje tem mantido em seus organogramas de ação e missão  preceitos de responsabilidade ambiental e busca da sustentabilidade. A grande questão que se insere nesta prática é a verdade de tais ações que às vezes são meros instrumentos de um marketing enganoso ou a busca de destaque para a empresa. Esse tipo de postura não é correto para isso é deveras importante que o mundo empresarial procure compreender de forma eficiente a situação ambiental do planeta e desenvolva dentro e fora de suas empresas atitudes éticas e coerentes com uma verdadeira prática de responsabilidade ambiental. A postura de responsabilidade ambiental só tem sentido se houver ações reais, apoio a iniciativas que busquem a melhoria do planeta tanto no sentido de respeito ao meio ambiente como de garantia de redução das injustiças sociais que hoje acabando promovendo a degradação social e gera ocupações irregulares, falta de uma cultura de respeito ao ambiente e pouca formação de nosso povo.
            É coerente que o mundo empresarial procure verificar e analisar sua prática constantemente buscando a justiça social nos processos de relações com colaboradores e comunidade para a partir daí buscar firmemente a contribuição para um futuro sustentável e para a erradicação dos grandes problemas ambientais do mundo atual. A atuação empresarial para garantia da responsabilidade social começa nas atitudes do cotidiano e das relações ocorridas no espaço da empresa garantindo respeitabilidade aos direitos trabalhistas, cumprimento de obrigações legais, respeito a contratos, conhecimento e cumprimento dos preceitos da legislação ambiental e formação de valores, missões e objetivos que conduzam a empresa a uma excelência econômica e ambiental o que contribuirá firmemente para uma ação verdadeira e eficaz na resolução dos graves problemas ambientais que hoje nos cercam. A responsabilidade não deve ser um mero instrumento de marketing e sim uma mudança de postura que virá a partir de um processo que faça com que todos possam ser personagens de uma mudança que virá e que poderá fazer uma grande diferença para os seres de nosso planeta.
 Autor: FRANCISCO DJACYR SILVA DE SOUZA - djacyrsouza@gmail.com

Especial sobre mudanças climáticas

Veja publicação especial do jornal o povo sobre mudanças climáticas.
 l e i a

terça-feira, 25 de maio de 2010

ECOFEIRA - MUITA REFLEXÃO SOBRE MEIO AMBIENTE

PARA DISCUSSÃO

‘Algoritmo da Ganância’ das Petroleiras impõe desastre e destruição PDF Imprimir E-mail
Escrito por José Carlos Moutinho   
20-Mai-2010
 
Pelos dicionários, algoritmo é um conjunto de execuções (calculadas) para o cumprimento de tarefas específicas ou resolução de determinados problemas. Os profissionais em Tecnologia da Informação (TI) têm muita familiaridade com o tema. Eles sabem que, para a existência e sucesso de determinado sistema, há que se definir cuidadosamente o algoritmo. Uma vez definido, o sistema poderá evitar perda de tempo e insucessos na execução quotidiana. Bons sistemas devem levar em conta (e respeitar) o ser humano e o meio ambiente.
 
No caso do derramamento de petróleo no Golfo do México, no dia 20/04/2010, na costa do estado de Luisiana (EUA), no qual estão envolvidas a BP (British Petroleum) e a Halliburton, a exemplo de outros desastres envolvendo multinacionais (as "Big Oil"), parece haver somente um algoritmo em execução: o aceleramento da exploração de petróleo em prol da maximização de lucros, acrescido de mais ganância, ao menor custo.
 
O lucro máximo (e imediato) deve preceder sobre os interesses do ser humano e do meio ambiente. É a lógica das corporações mundo afora. E mais: resistem a pagar a conta de tais agressões e tentam esconder o problema "debaixo do tapete", pois não se pode manchar a imagem da empresa. Manchar o mar, matar trabalhadores e destruir a fauna e a flora, vá lá. Mas manchar a imagem da empresa...
 
Os desastres são numerosos. Até hoje as empresas e as autoridades governamentais parecem não saber como evitá-los e lidar com eles em tempo hábil. Praticamente todos os desastres são considerados os maiores da história, o novo supera o velho. E os responsáveis não estão conseguindo aprender com eles, por isto não estão dotados de um conjunto de mecanismos para vencê-los. O desastre no Alasca, em 1989, de autoria da Exxon, poderá ser superado pelo desastre da BP, no Golfo do México.
 
A mancha na imagem das "Big Oil"
 
A imagem das corporações é tratada com carinho pelos meios de comunicação hegemônicos. Salta aos olhos, por exemplo, o fato de a imprensa brasileira não ter citado (se citou não deu para ver) a participação da multinacional Halliburton no derramamento de petróleo. A empresa do ex-vice-presidente dos EUA Dick Cheney é reincidente em desastres e negócios escusos. Lembremos que, no mundo, essa multinacional esteve (e está) envolvida em diversos sinistros, entre eles a ocupação do Iraque.
 
No Brasil, a Halliburton foi responsabilizada pelo desaparecimento dos computadores portáteis com informações estratégicas da Petrobrás. E mais: a Halliburton presta serviços (sem concorrência) para a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), conforme denúncia da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), baseada em informações cedidas por fontes importantes do setor petrolífero brasileiro.
 
A agência independente de notícias estadunidense "Democracy Now!", no dia 28/04/10, confirmou que a Halliburton é uma das responsáveis pelo desastre no Golfo do México, que resultou em perda de vidas humanas e gravíssima agressão ao meio ambiente.
 
O portal venezuelano Aporrea noticiou, no dia 04/05, que a BP reconheceu que deu "um passo em falso" ao incluir nos contratos oferecidos aos pescadores do Alabama (EUA), para que ajudem na luta contra a mancha de óleo, uma cláusula na qual estes trabalhadores se comprometeriam em não denunciar posteriormente a petroleira. "Foi um passo em falso que demos em princípio", declarou o diretor geral da BP, Tony Hayward, durante uma entrevista coletiva no Alabama. A BP chegou a oferecer US$ 5 mil para não ser denunciada. Pronto, mais uma vez, lá se vai a imagem tão retocada e preservada das "Big Oil".
 
Logo na semana seguinte ao desastre, a mancha de óleo tinha aumentado e cobria mais 4.900 quilômetros quadrados do Golfo do México, devido à perda de 42.000 barris de petróleo por dia, e nenhuma medida eficaz foi tomada para conter o desastre. A Guarda Costeira dos EUA e o pessoal contratado pela BP seguem lutando para conter a mancha que se espalha.
 
Familiares de onze trabalhadores desaparecidos entraram na Justiça para responsabilizar a BP e a Halliburton por negligência na administração da plataforma "Deepwater Horizon". A Halliburton realizou trabalhos no referido poço petrolífero, antes da explosão.
 
A jornalista estadunidense da Democracy Now!, Amy Goodman, afirmou que a BP, depois de quase duas semanas, chegou a uma idéia para minorar seu crime ambiental, ao projetar uma pesada estrutura (de metal e concreto) em forma de sino para ser posta sobre o poço, mas fracassou neste intento.
 
Goodman informou ainda que já estão aparecendo várias aves e águas-vivas mortas nas ilhas que cercam a costa da Luisiana, o que tem aumentado em muito a contaminação daquelas águas. A vida silvestre, segundo especialistas em meio ambiente, está com sérias ameaças de contaminação química no longo prazo.
 
A jornalista destacou também que a analista do setor de petróleo, Antonia Juhasz, chamou a atenção sobre o poderio econômico e político da BP nos EUA. Segundo Juahsz, a BP é uma das mais poderosas multinacionais que operam no país. Em 2009, por exemplo, a empresa lucrou US$ 327 bilhões. No primeiro trimestre de 2010, a BP faturou mais de US$ 6 bilhões. O dobro dos lucros obtidos no mesmo período de 2009.
 
Segundo declarou a analista, a BP gasta muito dinheiro na política interna norte-americana, bem como na supervisão do cumprimento das normas do setor. Ou seja, é a raposa ditando as leis no galinheiro. Esta empresa muito ocupada com o seu lucro, a exemplo da Halliburton e outras "Big Oil", segue subtraindo vidas humanas, o meio ambiente e a própria democracia nos EUA. Não bastando, é incompetente e lenta na solução de seus crimes ambientais.
 
Os grandes faturamentos são acompanhados de grandes desastres. Em 2005, uma refinaria da BP, no Texas, explodiu, matou 15 trabalhadores e feriu outros 170. Em 2006, no Alasca, a BP derramou 200 mil barris de petróleo que, segundo a Agência de Proteção Ambiental, foi o maior derramamento que ocorreu naquela região. A empresa foi multada em US$ 60 milhões. Em 2009, foi multada em US$ 87 milhões pela explosão da refinaria.
 
Não bastando, a explosão da plataforma da BP no Golfo do México, o Serviço de Administração de Minerais, do Departamento do Interior, aprovou 27 novas permissões para perfurações em alto mar. A notícia é da Democracy Now!
 
A experiência brasileira
 
O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, avalia que as petrolíferas multinacionais "praticam a produção predatória, principalmente quando estão fora de seus países de origem. A orientação do Império é da produção a toque de caixa, até porque os EUA só possuem reservas de petróleo para três anos de consumo. E a situação fica mais grave quando estão operando em país pobre, como acontece no México".
 
Sobre o fracasso da BP em conter a mancha de óleo, Cancella acredita que a solução virá. "Não na velocidade que a preservação do meio ambiente exige. Eles poderiam pedir ajuda à Petrobrás, que é reconhecida mundialmente pela prospecção de petróleo no mar".
 
Sobre as perdas de vidas humanas e agressão ao meio ambiente, o diretor do Sindipetro-RJ lembrou do afundamento da Plataforma P-36, no Brasil. "O desastre da P-36 aconteceu no governo FHC. As viúvas dos onze petroleiros foram proibidas de entrar na sede da companhia. Quando Lula assumiu o governo, autorizou o então presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, a receber as viúvas e propôs um acordo indenizatório que incluiu até formação universitária dos filhos dos petroleiros mortos na plataforma".
 
Autoridades brasileiras disseram que o país não tem um conjunto de procedimentos para lidar com situações como a do Golfo do México. O geofísico e diretor da AEPET (Associação dos Engenheiros da Petrobrás), João Victor Campos, lembra que o Brasil teve a experiência com a P-36, "mas não aprendemos". "A sorte nossa foi que o vazamento foi mínimo, ao contrário deste no Golfo do México. É irresponsável, com o atual número de plataformas em operação em diversas áreas da costa brasileira, não termos medidas de enfrentamento para situações semelhantes".
 
João Victor explica que o desastre da BP "ocorreu em função da explosão de um bolsão de gás (metano, provavelmente) próximo à superfície, no caso no próprio assoalho oceânico. Estas ocorrências de bolsões de gás não são raras, têm sido registrados diversos casos na superfície. O inusitado é que este se deu no fundo do mar".
 
O geofísico acrescenta que existe válvula que detecta pressões anômalas no poço, blow-out preventer, cuja indicação é mostrada na plataforma da sonda por um grande "relógio" chamado "Martin Decker". "Como se tratou de explosão súbita e inesperada, como só acontece no caso dos bolsões de gás, não houve tempo para detectar a anomalia".
 
Ou seja, ao que tudo indica, teriam como evitar o pior. Mas a lógica da produção acelerada, para acompanhar as negociações na bolsa, impede um trabalha de qualidade, pois a ganância prevalece no algoritmo dessas multinacionais.
 
Em suma, o desastre da BP demonstra a assimetria entre a economia virtual e a vida real, ao tentar acelerar a produção na vã ilusão de acompanhar o ritmo dos algoritmos computacionais nas bolsas de valores, que operam um volume massivo de tarefas quotidianas em milissegundos. E não é só a BP. Praticamente todas as petroleiras mundo afora tentam acelerar suas atividades de extração a uma velocidade que agride a humanidade e o meio ambiente. Essa é a lógica imposta pelo modelo neoliberal, que precisa ser sepultada, se não, mais desastres virão.
 
No fechamento desse artigo, surgiu o afundamento da plataforma marítima de gás Aban Pearl, na costa do estado venezuelano de Sucre, no último dia 13/05. Conforme noticiou a Agência Bolivariana de Notícias (14/05), no acidente, os mecanismos de segurança foram acionados, fazendo com que a plataforma se desconectasse do poço Dragón 6 em tempo hábil. Os 95 trabalhadores foram evacuados a tempo, sem nenhum ferimento. Lembramos que a Venezuela tem sofrido diversos ataques, comandados pelos EUA, por ter abandonado o neoliberalismo e propor o socialismo do século 21. Tal fato confirma que o algoritmo do capitalismo selvagem realmente caducou.
 
José Carlos Moutinho é jornalista.
 
Publicado no site www.correiocidadania.com.br

COMO ESTÁ SEU TELHADO?

LEIA ESTA REPORTAGEM...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

atividade salutar para discutir a educação

ATIVIDADE FACULDADE INTEGRADA DO CEARÁ - III ECOFEIRA - PARTICIPE

  1. COELCE - EFICIÊNCIA ENERGÉTICA[
  2. CAGECE - ÁGUA E SUSTENTABILIDADE
  3. FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER - AGROECOLOGIA
  4. SCOPA ENGENHARIA - AÇÃO DE SUSTENTABILIDADE EM EDIFICAÇÕES
  5. GREENISH - RECICLAGEM
  6. SEMAM - EDUCAÇÃO AMBIENTAL E PODER PÚBLICO
  7. FIC - ESCOLA AMBIENTAL APRENDIZES DA NATUREZA
  8. JORNAL O ESTADO - O ESTADO VERDE ( JORNALISMO AMBIENTAL)
Mais informações pelos telefones 99799611 -  32936748 ( Professor Djacyr de Souza )
Em anexo cartaz do Evento - 2 de junho de 2010 - horário 18 - 21 horas ( Pátio Externo da Unidade Moreira Campos - FIC  - Visconde de Mauá - 1940 )

sábado, 22 de maio de 2010

LEIA E FAÇA ALGO

A árvore assassinada

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delicous digg Google Reader Facebook MySpace Twitter 22/5/2010





Uma árvore da família das oxalidaceae, conhecida como carambola, foi derrubada no final de abril, à rua Felino Barroso, paralela à Semace (Superintendência Regional do Meio Ambiente), no ainda bucólico Bairro de Fátima, em Fortaleza. Parece até que foi um fim natural. Não foi! A bela planta centenária teve sua morte estrategicamente premeditada. Basta verificar os fatos.



Primeiro, cortaram seus galhos com o objetivo de dar mais espaço a fios elétricos, ônibus e caminhões. Alguns proprietários de residências que viviam sob sua sombra alegavam que as folhas sujavam a calçada com frequência e que os galhos crescidos, em dias de vento, quebravam as telhas de suas casas. Acontece que ela não foi podada de maneira correta, com gente especializada e ferramentas adequadas.



Há alguns meses, literalmente depenaram a frondosa carambola. Frutos e folhas foram minguando e, assim pelada, com uns poucos galhos feridos, ela foi morrendo lentamente. Havia esperança de que a velha árvore renascesse com as chuvas do inverno. Nesse caso, lamento ainda não ter conhecido as heroicas salvadoras de árvores Vilani e Alba.



Mas, eis que em um dia de chuva fina, na calada de uma manhã triste, eles vieram dispostos a dar o golpe de misericórdia na carambola agonizante. Encontrava-me no trabalho quando minha companheira telefonou dizendo que estavam derrubando a árvore. Atarantado, procurei ligar para alguns amigos. Esperei inocentemente que aquela turma de jovens da propaganda televisiva de um tal celular pudesse aparecer de repente nos galhos da carambola e a salvasse. Em vão.



Então, quando estava prestes a encerrar este artigo, tomei conhecimento de que outra árvore, uma Ficus benjamina, acabara de cair em frente ao Mercado Central. Um funcionário da Prefeitura declarou que a população impede a derrubada de árvores com o caule comprometido. As árvores antigas, como as pessoas velhas, precisam é de cuidados e carinhos - perguntem a Vilani e Alba!





Saraiva Júnior - Auditor fiscal do Trabalho





Pubnlicado originalmente no jornal DIÁRIO DO NORDESTE - 22/05/10

Veja esta ação

sexta-feira, 21 de maio de 2010

AGONIA DO MAR MORTO

Veja esta reportagem sobre a situação do Mar Morto hoje. Os fatores principais do processo em questão se devem a fatores geológicos e humanos. LEIA

quinta-feira, 20 de maio de 2010

música para refletir

 AS BALEIAS
 
Composição: Roberto Carlos / Erasmo Carlos


Não é possível que você suporte a barra
De olhar nos olhos do que morre em suas mãos
E ver no mar se debater o sofrimento
E até sentir-se um vencedor nesse momento

Não é possível que no fundo do seu peito
Seu coração não tenha lágrimas guardadas
Pra derramar sobre o vermelho derramado
No azul das águas que você deixou manchadas

Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão

O gosto amargo do silêncio em sua boca
Vai te levar de volta ao mar e a fúria louca
De uma cauda exposta aos ventos
Em seus últimos momentos
Relembrada num troféu em forma de arpão

Como é possível que você tenha coragem
De não deixar nascer a vida que se faz
Em outra vida que sem ter lugar seguro
Te pede a chance de existência no futuro

Mudar seu rumo e procurar seus sentimentos
Vai te fazer um verdadeiro vencedor
Ainda é tempo de ouvir a voz dos ventos
Numa canção que fala muito mais de amor

Não é possível que você suporte a barra


veja

X Encontro Verde das Américas

Belo Horizonte sediará o X Green Meeting




 

A capital mineira sediará o X Encontro Verde das Américas, o “Green Meeting - Conferência das Américas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável”. Coordenado pela Organização Ecológica Palíber, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), o evento acontecerá entre os dias 25 e 27 de maio, no Teatro Sesiminas, e deve reunir as principais lideranças, nacionais e internacionais, envolvidas com a questão ambiental.
Durante os três dias, especialistas discutirão os principais temas sócio-ambientais deste século. Em paralelo, serão organizados eventos culturais que visam divulgar os objetivos e resultados do encontro entre os diversos segmentos da sociedade.
A prioridade será a apresentação de projetos para solução de problemas ambientais e sociais. A proposta é construir um banco de ideias através de experiências concretas e viáveis a serem publicadas numa coletânea. Para tanto, universidades, prefeituras, empresas e organismos nacionais e internacionais devem apresentar experiências bem sucedidas com projetos sócio-ambientais.
A meta final é elaborar a Carta Verde 2010, onde estarão consolidadas as principais reivindicações e recomendações do evento e que posteriormente será entregue aos governos nacionais e internacionais.
A participação no encontro é gratuita.Credenciamento no site www.greenmeeting.org
Prêmio Verde das Américas
O Green Meeting também será palco para a entrega do Prêmio Verde das Américas 2010. Uma homenagem a trabalhos em prol do Meio Ambiente. Uma personalidade ou instituição é premiada em cada categoria: Desenvolvimento Sustentável, Florestas, Biodiversidade, Recursos Hídricos, Uso e Conservação do Solo, Gestão Ambiental Urbana, Combate a Poluição Atmosférica, Jornalismo, Biotecnologia, Mudanças Climáticas, Educação Ambiental e Destaque Sócioambiental.

ENCONTRO PREPARATÓRIO

INDÚSTRIA DE MÓVEIS E SUSTENTABILIDADE

Veja esta notícia

quarta-feira, 19 de maio de 2010

UMA DISCUSSÃO SOBRE AGROTÓXICOS

  AGROTÓXICOS NO CEARÁ

medo...

Fim dos tempos?

Marcos José Diniz Silva Historiador

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Aquecimento planetário, terremotos, tsunamis e degradação ambiental com coberturas midiáticas imediatas ou em tempo real, direcionadas a populações cada vez mais conectadas aos destinos globais, têm alimentado as sempre vivas teorias apocalípticas.
Soluções catastróficas punitivas dos nossos males morais estão presentes nas religiões desde a Antiguidade, nas profecias e nos movimentos milenaristas da história humana. O ano mil da cristandade foi marcado por grandes expectativas de Juízo Final.
Desse terror coletivo nem os letrados da época - a maioria clérigos – foram poupados. Porém, a vida seguiu seu curso normal e a humanidade, nem melhor nem pior, continuou produzindo obras belas, assim como indescritíveis violências e genocídios.
Mas, o terror coletivo voltou a ser alimentado: esperava-se novo fim para o ano 2000. Que decepção! Apesar disso alguns fizeram fama, ganharam dinheiro e muitos outros, ingênuos ou desequilibrados, fizeram papel de bobos.
Agora, o novo boom apocalíptico é 2012. Apoiados em interpretações mirabolantes do Calendário Maia, querem convencer a todos que em dezembro de 2012, revoluções profundas na crosta terrestre levarão à destruição da vida na Terra. Além de medo, piadas e pitadas de raciocínio, o que a ideia tem rendido mesmo são bons milhões à televisão e ao cinema.
Em A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo, Allan Kardec, analisa passagens evangélicas sobre o “fim dos tempos”, e informa: “A Terra, dizem os Espíritos, não deve ser transformada por um cataclismo, que aniquilaria subitamente uma geração inteira.
A geração atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas”. Essa regeneração, acrescenta, sofreria uma aceleração: “As grandes partidas coletivas não só têm por fim ativar as saídas, mas também transformar mais rapidamente o espírito das massas [...] A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porquanto eles devem apressar o desabrochamento de novos germens.”
Sejamos sensatos, as atividades geológicas jamais terminaram. Não será o interior da Terra a ser revolucionado, mas a alma humana em seus cataclismos morais. A natureza responderá sempre em harmonia com nossas ações até um novo equilíbrio.
 
Publicado no Jornal o Estao

reflexões sobre a modernidade

Veja que texto excelente sobre a atual modernidade

Apontamentos sobre Blade Runner III PDF Imprimir E-mail
Escrito por Cassiano Terra Rodrigues   
19-Mar-2010
 
"... qualquer que seja a maneira em que definamos o conceito de civilização, o certo é que todas as coisas com as quais buscamos nos proteger das ameaças que emanam das fontes de sofrimento são parte dessa mesma civilização", Sigmund Freud, O Mal-Estar na Civilização.
 
A cidade de Los Angeles, tal como retratada em Blade Runner, demonstra a falência urbana na modernidade em termos contundentes – a cidade não é um lugar de convivência agradável entre as pessoas, mas, antes, tornou-se um lugar de referências desconexas em que é mais fácil se perder do que construir uma vida. Nas palavras de Wayne Morrison: "Em Blade Runner, vivemos em meio a signos que datam de uma época em que teriam tido sua importância reconhecida. Colunas romanas e gregas, dragões chineses e pirâmides egípcias misturam-se com gigantescos anúncios em néon de Coca-Cola, Atari, Jim Beam, Trident, Michelob e Pan-Am. Ainda que veículos de transporte bem iluminados pairem sobre as ruas, e haja algumas cenas rápidas em que se vislumbram luxuosas dependências empresariais, o conjunto todo é uma colagem desconcertante" (Filosofia do Direito, p. 14).
 
Tema 6. Decadência urbana e relações espaciais
 
A aceleração do desenvolvimento, da produção e do tempo de vida das mercadorias traz imediatamente consigo o fenecimento inexorável delas. Eis outra preocupação pós-moderna do filme: a decrepitude daquilo que G. Bruno chamou de "ramble city" – algo como "cidade a esmo", ou "cidade que perambula sem destino". O filme retrata uma Los Angeles que, em 2019, já está em franca decadência pós-industrial. Em vez de mostrar aquelas superfícies lisas, limpas e brilhantes ultra-modernas tão comuns em filmes de ficção científica, a cidade de Blade Runner é sombria, feia e suja. Se Los Angeles foi considerada, nas décadas de 1980 e de 1990 como a cidade pós-moderna por excelência, o local onde o futuro já começara, no filme ela parece ser o arquétipo de todas as megalópoles pós-modernas: poluída, perigosa, superpopulosa e superpovoada, com claros sinais de bancarrota urbana irreversível.
 
Como resultado das vantagens distribuídas desigualmente nas economias pós-industriais, a pós-modernidade é caracterizada por uma extrema polarização de classes: os ricos e os pobres cada vez mais isolados – econômica e socialmente – uns dos outros, o que se evidencia nas relações espaciais "concretas" nas cidades pós-modernas. No filme, vemos isso na emblemática encenação da arquitetura, especialmente no altíssimo edifício da Tyrell Corporation, que se eleva dominante sobre a paisagem empobrecida da cidade – no alto, os ricos, embaixo, os pobres ou as pessoas comuns vivendo em meio a edifícios outrora grandiosos e agora mais parecidos com ruínas. Em meio ao lixo que se acumula e sob uma fina e incessante garoa, multidões de asiáticos circulam de bicicleta entre bancas de camelôs que vendem todo tipo de coisa – a "efervescente" produção de baixa escala. A verticalização da cidade funciona, então, como fator de distanciamento entre as pessoas, acentuando a divisão social entre as classes – ricos e pobres, grupos étnicos dominantes e dominados e assim por diante – e transformando a distância sobretudo em barreira contra a interação humana.
 
Na verdade, conhecemos muito bem o efeito de deslocamentos e condensações geográficas em grandes áreas urbanas. Conforme as classes ricas e médias deixam vagas vastas áreas de espaço intra-urbano, as classes empobrecidas rapidamente tomam conta desses espaços, para, muitas vezes, serem expulsas deles quando algum "projeto de revitalização" fadado ao fracasso se torna a menina dos olhos dos políticos no comando.
 
Esse processo, que já foi chamado de "Terceiro-Mundialização" das cidades, acontece em escala global, fazendo com que as grandes cidades nas economias "mais avançadas" cada vez mais se assemelhem àquelas das economias "menos avançadas", ao menos no que toca a profundidade de sua polarização econômica, social e espacial, a extensão e a complexidade de suas misturas étnicas, sociais e raciais, as estruturas de ocupação de seus espaços abandonados e o caos em que se torna seu ambiente construído. Os sonhos utópicos de uma cité idéale totalmente racionalizada, iluminada e controlada, de um Claude Nicolas Ledoux (1736-1806), ou um Étienne-Louis Boullée (1728-1799), tornaram-se pesadelos pós-modernos.
 
Tema 7. Compressão do espaço e do tempo
 
Talvez a condição da pós-modernidade mais evidenciada em Blade Runner seja o efeito do consumo e da troca acelerados e intensificados sobre a experiência do espaço e do tempo. Com D. Harvey, podemos dizer que as telecomunicações contemporâneas possibilitaram aos mercados financeiros abarcar todo o globo em tempo curtíssimo. Ao mesmo tempo, pela compressão do espaço e do tempo, o sistema financeiro se desligou da produção efetiva de mercadorias, que deixou de ser essencial ao capitalismo – a reprodução passa a ser mais importante que a produção. As instabilidades na produção capitalista e uma mudança radical na maneira como o valor se torna representado como dinheiro depois de 1973 levaram ao modo pós-moderno de capitalismo. Harvey liga seu argumento ao conceito de simulacro: "a interpenetração de simulacros na vida cotidiana une mundos diferentes de mercadorias no mesmo espaço e no mesmo tempo. Mas isso acontece de maneira a esconder quase perfeitamente todo traço de origem, dos processos de trabalho que as produziram ou das relações sociais implicadas na sua produção. Os simulacros podem, por sua vez, se tornar a realidade." (A Condição Pós-Moderna, p. 300).
 
Trazendo junto uma acentuação da volatilidade e da efemeridade, a sociedade pós-moderna é forçada a se adaptar às demandas da acumulação flexível que precisa de obsolescência e disponibilidade instantâneas. Isso aparece de maneira claríssima nos replicantes, que são forçados a viver naquilo que G. Bruno chamou de "temporalidade desconectada". Essa falta de continuidade temporal segura é o que, de fato, é representado em Blade Runner: da doença degenerativa acelerada de J. F. Sebastian à preocupação obsessiva de seus personagens com suas histórias pessoais (por meio das fotografias) – sem falar no tema principal do filme: os replicantes buscando estender sua vida além do limite pré-determinado de fábrica de 4 anos (note-se que o tempo mínimo de quatro anos de vida dos replicantes – artefatos tecnológicos supremos – é o máximo em termos de consumismo!). Dessa forma, "a contração temporal em tudo se torna a marca definitória da vida pós-moderna" (D. Harvey, A Condição Pós-Moderna, p. 291).
 
Em outras palavras, o nivelamento e a neutralização de todas as coisas e todos os tempos – presente, passado e futuro – no momento do agora impedem estabelecermos elos significativos entre o que foi, o que é e o que será. Não somos mais capazes de estabelecer ordem alguma; tudo se confunde no mesmo lugar, ao mesmo tempo. No filme, essa confusão sufocante é realçada pela falta de grandes planos abertos e pelos cenários sempre fechados e quase sempre lotados de gente, onde tudo e todos se acumulam. A única coisa que conseguimos fazer – de concreto, se tivermos poder aquisitivo – é reunir fragmentos aleatoriamente, usando os signos que estão à nossa disposição – marcas, estilos, fotografias – numa tentativa – vã? – de buscar alguma coerência em um mundo ilógico e fugaz. Não é essa uma das causas da ansiedade dos replicantes?
 
Tema 8. Fuga para a Natureza
 
As colônias "Fora do Mundo" (Off-World) do filme bem podem ser extensões metafóricas da tendência crescente de abandono das cidades pelos ricos, para irem morar em condomínios fechados e mais próximos da natureza – conforme o dirigível de propaganda proclama: "Uma nova vida espera por você nas colônias Fora do Mundo. A chance de recomeçar em uma terra dourada de oportunidade e aventura. Novo clima, edifícios de recreação (...) totalmente grátis." A promessa de felicidade extra-terrena introduz um tema religioso, certamente; mas a referência ao El Dorado de oportunidade e aventura se explicita logo em seguida: "Use seu novo amigo como um servo pessoal (personal body servant) ou como incansável mão-de-obra – o replicante feito sob medida pela engenharia genética especialmente para as suas necessidades. Então vamos América, vamos entrar com o time todo lá em cima...".
 
Ora, a América, essa land of plenty and opportunity, será realizada Fora do Mundo, juntamente com as promessas do Iluminismo – a ciência e a tecnologia a serviço das necessidades humanas, mas, agora, não de toda a humanidade coletivamente; antes, de cada um que puder comprar os produtos e a passagem de ida, deste mundo para outro melhor (sempre segundo a propaganda). Não teríamos aqui um pastiche de escatologia bíblica?
 
Ora, como é possível ter uma vida de verdade em um mundo de mentira (simulacros)?
 
Não é possível. Mas somente nas versões lançadas originalmente em 1982 essa resposta negativa é dada, com o final imposto pelo estúdio: Deckard e Rachael dirigindo para fora de Los Angeles, numa estrada que os leva a uma paisagem com florestas, montanhas, sol claro, ou seja, para a natureza, para fora e para longe da civilização decadente, poluída e falida. Essa retirada – que não deixa de ser irônica – para a natureza, ausente nas versões re-montadas por Ridley Scott, trazem a mensagem da necessidade de se reencontrar o "estado de natureza" originário e perdido, indicando assim a possibilidade de um recomeço mais "natural". A natureza aparece como uma reserva à qual recorrer em tempos de dificuldade, numa re-atualização de um mito idílico de liberdade natural e isolamento pessoal.
 
De Locke e Rousseau aos westerns do século XX, a idéia do estado de natureza como estado de liberdade originário e incorrupto, no qual todas as possibilidades estão abertas aos indivíduos, contraposto ao corrupto e aprisionador estado civilizado, nunca foi abandonada, e reaparece muito viva no final de Blade Runner. Nesse retorno à natureza, Deckard e Rachael dão as costas a todos os problemas, com uma atitude sobejamente indiferente e pouco tolerante. A natureza do final do filme é "muda", como diz Sigfried Kracauer em outro contexto; ela é um verdadeiro abismo silencioso no qual todas as questões embaraçosas são lançadas – não se ouve o som do vento nas folhas, tampouco o ronco do motor do carro, mas somente a trilha sonora e a narração de Deckard em voice-over. Ainda usando as palavras de Kracauer, a natureza aparece novamente aqui como "um doce retiro para todos aqueles que não desejam ser despertados" (O ornamento da massa, ed. bras., p. 114).
 
Será possível recusar a história e dar as costas às conquistas e realizações do mundo em que vivemos, por mais funestas que sejam? Podemos esquecer tudo e buscar alívio numa vida mais natural e primitiva? Tanto mais perturbadora nossa conclusão se mostrará quanto mais nos lembramos da epígrafe de Freud: quanto mais não aceitarmos que a nossa civilização cria os mecanismos de sua própria destruição, mais difícil será entrevermos criativamente novas possibilidades construtivas.
 
Cordiais Saudações.
 
* * *
 
QUATRO VERSÕES: de Blade Runner podem ser vistas pelo observador brasileiro, em uma caixa com três DVD’s, facilmente encontrável em locadoras: a versão final do diretor, de 2007; a versão lançada comercialmente nos EUA, de 1982, com algumas cenas consideradas muito violentas a menos; a versão lançada comercialmente nos outros países, também em 1982, com as cenas consideradas violentas; e a versão de 1992, supervisionada pelo diretor. A caixa ainda traz um documentário sobre a realização do filme.
 
>Para ler a primeira parte da seqüência de artigos sobre Blade Runner, clique aqui
 
Para ler a segunda parte da seqüência de artigos sobre Blade Runner, clique aqui
 
Cassiano Terra Rodrigues é professor de filosofia na PUC-SP e acha que um dos pontos fortes de Blade Runner está na música original do filme, composta por Vangelis.
 

CUSTOS DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

Veja os custos da degradação ambiental

sábado, 15 de maio de 2010

UMA REFLEXÃO SOBRE A ÁGUA

Reflexões sobre a água.

sacolas retornáveis.

Veja que idéia espetacular.

escolas sustentáveis

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL



Sistema de Gestão Ambiental nas empresas



Autoria: Anélia de Moraes Canedo

Introdução

A ameaça à sobrevivência humana em face da degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e flora, o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes fizeram a questão ambiental ocupar um lugar de destaque nos debates internacionais. O meio ambiente da empresa é constituído por diversas formas de relacionamento, considerando as disciplinas gerenciais, as técnicas e o processo de produção junto às instalações e ao meio interno e externo, incluindo-se também a relação entre mercado, cliente, fornecedores, comunidade e consumidor. Neste sentido, o gerenciamento ambiental não pode separar e nem ignorar o conceito de ambiente empresarial em seus objetivos, pois o desenvolvimento deste conceito possibilita melhores resultados nas relações internas e externas, com melhorias na produtividade, na qualidade e nos negócios.

Embora o termo gestão ambiental seja bastante abrangente e freqüentemente usado para designar ações ambientais em determinados espaços geográficos, ele pode ser definido como sendo um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em conta a saúde, a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente.

O objetivo maior da gestão ambiental deve ser a busca permanente de melhoria da qualidade ambiental dos serviços, produtos e ambiente de trabalho de qualquer organização pública ou privada.

Fundamentos Básicos da Gestão Ambiental

Os fundamentos, ou seja, a base de razões que levam as empresas a adotar e praticar a gestão ambiental, são vários. Podem perpassar desde procedimentos obrigatórios de atendimento da legislação ambiental até a fixação de políticas ambientais que visem a conscientização de todo o pessoal da organização. A busca de procedimentos gerenciais ambientalmente corretos, incluindo-se aí a adoção de um Sistema Ambiental (SGA), na verdade, encontra inúmeras razões que justificam a sua adoção.

Os fundamentos predominantes podem variar de uma organização para outra. No entanto, eles podem ser resumidos nos seguintes básicos: Os recursos naturais (matérias-primas) são limitados e estão sendo fortemente afetados pelos processos de utilização, exaustão e degradação decorrentes de atividades públicas ou privadas, portanto estão cada vez mais escassos, relativamente mais caros ou se encontram legalmente mais protegidos.

Os bens naturais (água, ar) já não são mais bens livres/grátis. Por exemplo, a água possui valor econômico, ou seja, paga-se, e cada vez se pagará mais por esse recurso natural. Determinadas indústrias, principalmente com tecnologias avançadas, necessitam de áreas com relativa pureza atmosférica. Ao mesmo tempo, uma residência num bairro com ar puro custa bem mais do que uma casa em região poluída. O crescimento da população humana, principalmente em grandes regiões metropolitanas e nos países menos desenvolvidos exerce forte conseqüência sobre o meio ambiente em geral e os recursos naturais em particular.

A legislação ambiental exige cada vez mais respeito e cuidado com o meio ambiente, exigência essa que conduz coercitivamente a uma maior preocupação ambiental. Pressões públicas de cunho local, nacional e mesmo internacional exigem cada vez mais responsabilidades ambientais das empresas.

Bancos, financiadores e seguradoras dão privilégios a empresas ambientalmente sadias ou exigem taxas financeiras e valores de apólices mais elevadas de firmas poluidoras.

A sociedade em geral e a vizinhança em particular está cada vez mais exigente e crítica no que diz respeito a danos ambientais e à poluição provenientes de empresas e atividades. Organizações não-governamentais estão sempre mais vigilantes, exigindo o cumprimento da legislação ambiental, a minimização de impactos, a reparação de danos ambientais ou impedem a implantação de novos empreendimentos ou atividades.

Compradores de produtos intermediários estão exigindo cada vez mais produtos que sejam produzidos em condições ambientais favoráveis.

A imagem de empresas ambientalmente saudáveis é mais bem aceita por acionistas, consumidores, fornecedores e autoridades públicas.

Acionistas conscientes da responsabilidade ambiental preferem investir em empresas lucrativas sim, mas ambientalmente responsáveis.

A gestão ambiental empresarial está na ordem do dia, principalmente nos países ditos industrializados e também já nos países considerados em vias de desenvolvimento.

A demanda por produtos cultivados ou fabricados de forma ambientalmente compatível cresce mundialmente, em especial nos países industrializados. Os consumidores tendem a dispensar produtos e serviços que agridem o meio ambiente.

Cada vez mais compradores, principalmente importadores, estão exigindo a certificação ambiental, nos moldes da ISO 14.000, ou mesmo certificados ambientais específicos como, por exemplo, para produtos têxteis, madeiras, cereais, frutas, etc. Tais exigências são voltadas para a concessão do “Selo Verde”, mediante a rotulagem ambiental.

Acordos internacionais, tratados de comércio e mesmo tarifas alfandegárias incluem questões ambientais na pauta de negociações culminando com exigências não tarifárias que em geral afetam produtores de países exportadores. Esse conjunto de fundamentos não é conclusivo, pois os quesitos apontados continuam em discussão e tendem a se ampliar. Essa é uma tendência indiscutível, até pelo fato de que apenas as normas ambientais da família ISO 14.000 que tratam do Sistema de Gestão Ambiental e de Auditoria Ambiental encontram-se em vigor.

Necessidade e Importância da Gestão Ambiental para a Empresa Por danos e efeitos ambientais possíveis de ocorrerem durante o ciclo de vida do produto compreendem-se todos os impactos sobre o meio ambiente, inclusive a saúde humana, decorrentes da obtenção e transporte de matérias-primas, da transformação, ou seja, a produção propriamente dita, da distribuição e comercialização, do uso dos produtos, da assistência técnica e destinação final dos bens.

Devemos salientar que a empresa é a única responsável pela adoção de um SGA e por conseguinte de uma política ambiental. Só após sua adoção, o cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente, pois eles adquirem configuração de “sagrados”. Portanto, ninguém é obrigado a adotar um SGA e/ou Política Ambiental; depois de adotados, cumpra-se o estabelecido sob pena da organização cair num tremendo descrédito no que se refere às questões ambientais.

Finalidades Básicas da Gestão Ambiental e Empresarial

Servir de instrumentos de gestão com vistas a obter ou assegurar a economia e o uso racional de matérias-primas e insumos, destacando-se a responsabilidade ambiental da empresa:

. Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos produtivos e dos seus produtos ou serviços;

. Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a conservação e a preservação da natureza;

•Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental; Orientar novos investimentos privilegiando setores com oportunidades em áreas correlatas;

• Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos moldes da série de normas ISO 14.000; Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos.

Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental nas empresas evidentemente devem estar em consonância com o conjunto das atividades empresariais. Portanto, eles não podem e nem devem ser vistos como elementos isolados, por mais importantes que possam parecer num primeiro momento.

Vale aqui relembrar o trinômio das responsabilidades empresariais:

Responsabilidade ambiental

•Responsabilidade econômica

•Responsabilidade social

Responsabilidade social princípios e Elementos Básicos

Ao considerar a gestão ambiental no contexto empresarial, percebe-se de imediato que ela pode ter e geralmente tem uma importância muito grande, inclusive estratégica. Isso ocorre porque, dependendo do grau de sensibilidade para com o meio ambiente demonstrado e adotado pela alta administração, já pode perceber e antever o potencial que existe para que uma gestão ambiental efetivamente possa ser implantada.

De qualquer modo, estando muito ou pouco vinculado a questões ambientais, as empresas que já estão praticando a gestão ambiental ou aquelas que estão em fase de definição de diretrizes e políticas para iniciarem o seu gerenciamento ambiental devem ter em mente os princípios e os elementos de um SGA e as principais tarefas e atribuições que normalmente são exigidas para que seja possível levar a bom termo a gestão ambiental.

Princípios e elementos de um SGA

Comprometimento e política - é recomendado que uma organização defina sua política ambiental e assegure o comprometimento com o seu SGA.

Planejamento - é recomendado que uma organização formule um plano para cumprir sua política ambiental.

Implementação - para uma efetiva implementação, é recomendado que uma organização desenvolva a capacitação e os mecanismos de apoio necessários para atender sua política, seus objetivos e metas ambientais.

Medição e avaliação - é recomendado que uma organização mensure, monitore e avalie seu desempenho ambiental.

Análise crítica e melhoria - é recomendado que uma organização analise criticamente e aperfeiçoe continuamente seu sistema de gestão ambiental, com o objetivo de aprimorar seu desempenho ambiental global.

Avaliação Ambiental Inicial

O processo de implementação de um sistema de gestão ambiental começa pela avaliação ambiental inicial. Na prática, esse procedimento pode ser realizado com recursos humanos internos ou externos, pois, quando a empresa já dispõe de pessoal habilitado ou relacionado com questões ambientais, ( por exemplo técnicos da área de saúde e segurança do trabalho ou controle de riscos), essa tarefa poderá ser feita internamente. Por outro lado, não existindo tal possibilidade, a organização poderá recorrer aos serviços de terceiros, quer seja ao de consultores autônomos ou ao de firmas de consultoria ambiental.

Empresas em geral e as mais poluentes em particular possuem uma série de problemas ambientais que vão desde suas fontes poluidoras, destino de resíduo e despejos perigosos, até o cumprimento da legislação ambiental. Verdade é que, muitas vezes, as empresas mal conseguem perceber suas deficiências em termos de meio ambiente, pois vários aspectos contribuem para isso, como por exemplo:

Falta de percepção ou conscientização ecológica de dirigentes e colaboradores.

• Forma tradicional de produção, tratamento de efeitos poluidores no fim do processo industrial.

• Redução de despesas, a qualquer custo, em detrimento do meio ambiente.

• Manutenção da competitividade em setores que em geral não cuidam das questões ambientais.

• Falta de monitoramento ou fiscalização dos órgãos ambientais competentes.

• A avaliação ambiental inicial permite às organizações:

Conhecer seu perfil e desempenho ambiental.

• Adquirir experiência na identificação e análise de problemas ambientais.

• Identificar pontos fracos que possibilitem obter benefícios ambientais e econômicos, muitas vezes óbvios.

• Tornar mais eficientes a utilização de matérias-primas e insumos.

• Servir de subsídios para fixar a política ambiental da organização.

A avaliação ambiental inicial pode ser executada com recursos humanos internos ou mediante a contratação de serviços de terceiros, quer seja com um especialista autônomo ou firma de consultoria.

Para a execução da avaliação ambiental, podem ser usadas várias técnicas isoladamente ou de forma combinada - sempre dependerá da atividade ou organização a ser avaliada. As principais técnicas comuns para fazer a avaliação podem incluir:

• Aplicação de questionários previamente desenvolvidos para fins específicos.

• Realização de entrevistas dirigidas, com o devido registro dos resultados obtidos.

• Utilização de listas de verificação pertinentes às características da organização. Estas se mostram muito apropriadas para analisar atividades, linhas de produção ou unidades fabris semelhantes, permitindo comparações.

• Inspeções e medições diretas em casos específicos, como por exemplo: emissões atmosféricas, quantidades e qualidade de despejos.

• Avaliação de registros de ocorrências ambientais, como infrações, multas, etc.

Benchmarkingou seja, técnica de estudo das melhores práticas, sejam elas de setores da própria organização ou de terceiros, permitindo adotá-las ou aprimorá-las.

Comprometimento e Política Ambiental

A política ambiental deve estabelecer um senso geral de orientação para as organizações e simultaneamente fixar os princípios de ação pertinentes aos assuntos e à postura empresarial relacionados ao meio ambiente.

Tendo como base a avaliação ambiental inicial ou mesmo uma revisão que permita saber onde e em que estado a organização se encontra em relação às questões ambientais, chegou a hora da empresa definir claramente aonde ela quer chegar. Nesse sentido, a organização discute, define e fixa o seu comprometimento e a respectiva política ambiental.

O objetivo maior é obter um comprometimento e uma política ambiental definida para a organização. Ela não deve simplesmente conter declarações vagas; ela precisa ter um posicionamento definido e forte. Além da política ambiental, empresas também adotam a missão de que em poucas palavras, expõe seus propósitos.

A política ambiental da organização deve necessariamente estar disseminada nos quatro pontos cardeais da empresa, ou seja, em todas as áreas administrativas e operativas e também deve estar incorporada em todas as hierarquias existentes, ou seja, de baixo para cima e de cima para baixo - da alta administração até a produção.

Ao adotar a política ambiental, a organização deve escolher as áreas mais óbvias a serem focalizadas com relação ao cumprimento da legislação e das normas ambientais vigentes específicas no que se refere a problemas e riscos ambientais potenciais da empresa.

A organização deve ter o cuidado de não ser demasiadamente genérica afirmando por exemplo: comprometemos-nos a cumprir a legislação ambiental. É óbvio que qualquer empresa, com ou sem política ambiental declarada, deve obedecer a legislação vigente.

O compromisso com o cumprimento e a conformidade é de vital importância para a organização, pois, em termos de gestão ambiental, inclusive nos moldes das normas da série ISO 14000, a adoção de um SGA é voluntária, portanto nenhuma empresa é obrigada a adotar uma política ambiental ou procedimentos ambientais espontâneos, salvo em casos de requisitos exigidos por lei, como, por exemplo: licenciamento ambiental, controle de emissões, tratamento de resíduos, etc.

Política Ambiental

•A alta administração deve definir a política ambiental da organização e assegurar que ela:

• Seja apropriada à natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades;

• Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição;

• Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e normas ambientais aplicáveis e demais requisitos subscritos pela organização;

• Forneça a estrutura para o estabelecimento e revisão dos objetivos e metas ambientais;

• Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados;

• Esteja disponível para o público.

Normas ISO

A série de normas ISO relativas ao meio ambiente, denominada família 14000, reflete uma das mais profundas transformações culturais da humanidade neste século. O impacto ambiental do desenvolvimento material e econômico gerou uma impressionante reação em cadeia, iniciada no âmbito de entidades ecológicas, como o Greenpeace, e organizações não-governamentais e disseminada rapidamente em toda a sociedade universal. Hoje, as empresas que menosprezam a consciência ecológica são julgadas e condenadas sumariamente pela opinião pública, correndo sério risco de sobrevivência. Rapidamente, percebeu-se que a gestão ambiental, mais do que uma atitude politicamente correta, tornou-se uma indispensável vantagem competitiva. Os sistemas de gestão ambiental passaram a ser desenvolvidos com maior ênfase, na Europa e nos Estados Unidos, a partir da década de 80, quando grandes acidentes, como Bhopal, na Índia, e Exxon Valdez, no Alasca, causaram impactos ambientais de grandes proporções e acirraram ainda mais a mobilização da sociedade em prol da ecologia.

Custos podem ser reduzidos com a economia de recursos naturais e diminuição dos resíduos.

Foi nesse contexto que se iniciou, no âmbito do British Standards Institution (BSI), do Reino Unido, o desenvolvimento de uma norma voltada ao Sistema de Gestão Ambiental. Esse modelo, denominado BS 7750 foi a base para o desenvolvimento da norma internacional ISO 14001, aprovada em 1996. Hoje, a nova norma caminha no sentido de atingir a importância da ISO 9000 (relativa aos sistemas de qualidade), como requisito para o ingresso das empresas no comércio internacional.

O desenvolvimento de todo esse processo teve outro aspecto importante, ao demonstrar que o correto estabelecimento da gestão ambiental, além de responder às exigências da comunidade mundial e do consumidor-cidadão, também oferece às organizações vantagens competitivas matematicamente mensuráveis: redução de custos, em função da economia de recursos naturais e diminuição da geração de resíduos; possibilidades de conquistar mercados restritos, como o da União Européia; economia de recursos pertinentes a indenizações por responsabilidade civil; mais facilidade para a obtenção de financiamentos junto a organismos multilaterais de crédito, como o Banco Mundial (Bird), Banco lnteramericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); e atendimento às legislações inerentes ao meio ambiente.

Todas essas vantagens têm sido alcançadas pelas empresas que estabelecem modelos de gestão ambiental baseados na ISO 14001. A questão, contudo, transcende o universo empresarial, pois a disseminação da norma também deve ser analisada num contexto mais amplo: à medida que a grande maioria do parque produtivo, do Brasil e do mundo, estiver manejando de forma adequada a sua relação com a ecologia, mais próxima estará a sociedade humana do conceito ideal de desenvolvimento sustentado e de manutenção de um habitat propício à qualidade de vida.

O que diz a NBR-ISO 14.001

O desempenho ambiental de uma companhia pode ter um impacto significativo em seu sucesso. A ISO 14001 é a norma internacionalmente reconhecida para Sistemas de Gestão Ambiental (SGA).

A certificação pode:

• Demonstrar altos padrões ambientais,

• Demonstrar a conformidade com a legislação,

• Reduzir custos,

• Melhorar a eficiência ,

O que é ISO 14001?

ISO 14001 é uma norma internacional que especifica um processo para controlar e melhorar o desempenho ambiental de uma companhia.

A ISO 14001 consiste de:

• Requisitos gerais

• Política ambiental

• Planejamento

• Implementação e operação

• Verificação e ação corretiva

Análise crítica pela administração

Isto significa que você:

Identifica elementos de seu negócio que causam impacto no meio ambiente e providencia o acesso à legislação ambiental relevante.

Prepara objetivos de melhoria e um programa de gestão para atingi-los, com análises críticas regulares para melhoria contínua

Técnicas e Procedimentos para serem seguidas pela Empresa

Os principais procedimentos para avaliar a adequação das atividades aos preceitos ambientais, envolvem:

- Levantamento das exigências legais

- Aplicação de normas técnicas da ABNT

- Levantamento de informações em documentos disponíveis

- Levantamento de informações nas unidades e instalações- Vistorias específicas

- Prospecção de pendências ambientais em órgãos federais, estaduais e municipais

- Obtenção de certidões negativas nos Cartórios Distribuidores de Comarca

- Obtenção de certidões negativas na Justiça Federal e Estadual

- Coleta de informações na vizinhança e nas comunidades

- Consultas a organizações não-governamentais (ONG

- Obtenção de informações complementares em fontes genéricas e específicas

- Realização de análises físico-químicas de água, solo, ar, instalações (paredes, forro)

- Levantamento de informações complementares no “data room”

- Organização e análise dos dados levantados

- Avaliação qualitativa e quantitativa do passivo ambiental

- Elaboração do relatório de avaliação do passivo ambiental

- Elaboração de planos e programas para eliminar as pendências ambientais existentes

- Adoção e práticas de atitudes pró-ativas para evitar a formação de novos passivos ambientais

Elementos auxiliares e de apoio

- Legislação ambiental e normas técnicas

- Listas de verificação ambiental

- AA - Auditoria Ambiental

- EIA/RIMA - Estudo e Relatório de Impacto Ambiental

- PBA – Programa Básico IniciaL

- AAI – Avaliação Ambiental Inicial

- ADA – Avaliação de Desempenho Ambiental

- ACV – Análise do Ciclo de Vida

- ARA – Análise de Risco Ambiental

A postura do Brasil diante de todo esse processo é um bom exemplo do significado que o sistema de gestão ambiental assume neste final de milênio. As normas ISO pertinentes à qualidade surgiram na Europa em 1987. Somente três anos depois começaram, timidamente, a ser disseminadas no País, que também não participou de seu desenvolvimento. Agora, é verdade, os sistemas de qualidade já são vistos aqui com sua devida importância, até porque se tornaram imprescindíveis nos mercados interno e externo. Já a norma 14001 contou com a participação brasileira em sua formatação e chegou aqui quase simultaneamente à sua implantação nas nações desenvolvidas. O País conta, inclusive, com organismos certificadores cujos atestados têm validade internacional. Assim, em termos de gestão ambiental, o parque produtivo brasileiro conta com instrumentos que o equiparam às empresas de todo o mundo na compulsiva luta pela conquista dos mercados globais.

CONCLUSÃO

Além das imposições da legislação, as empresas vem sendo pressionadas pela sociedade e mercados consumidores que exigem delas certos comportamentos que se traduzem em normas e regulamentos. A ISO procura desenvolver normalização através de acordos técnicos internacionais associando-se às entidades de normalização de cada país. No Brasil a ISO é representada pela ABNT – ASSOCIAÇAO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.

Empresa recebe o certificado após implantar Sistemas de Gestão Ambiental ligados à qualidade do ar, da água e do solo e a certificadora realizará auditorias de acompanhamento para manutenção uma vez por ano. Caso haja o deterioramento de alguns dos padrões estabelecidos, a empresa pode perder o certificado ISO 14000. Auditorias de renovação são feitas a cada 3 anos. È dever do INMETRO fiscalizar as certificadoras.

Um dos estímulos para empresas buscarem esta certificação está na pressão internacional por produtos ecologicamente mais corretos.

Promover o Desenvolvimento Sustentável que não gera graves problemas ambientais, transformou-se no grande deságio para o setor produtivo.

Para tanto, começaram a se estruturar visando reduzir as pressões ambientais negativas de seus produtos e processos.

A série ISO 14000 é um dos instrumentos que responde a esta demanda.

Retirado do site http://www.cenedcursos.com.br/sistema-de-gestao-ambiental-nas-empresas.html