quarta-feira, 19 de maio de 2010

medo...

Fim dos tempos?

Marcos José Diniz Silva Historiador

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Aquecimento planetário, terremotos, tsunamis e degradação ambiental com coberturas midiáticas imediatas ou em tempo real, direcionadas a populações cada vez mais conectadas aos destinos globais, têm alimentado as sempre vivas teorias apocalípticas.
Soluções catastróficas punitivas dos nossos males morais estão presentes nas religiões desde a Antiguidade, nas profecias e nos movimentos milenaristas da história humana. O ano mil da cristandade foi marcado por grandes expectativas de Juízo Final.
Desse terror coletivo nem os letrados da época - a maioria clérigos – foram poupados. Porém, a vida seguiu seu curso normal e a humanidade, nem melhor nem pior, continuou produzindo obras belas, assim como indescritíveis violências e genocídios.
Mas, o terror coletivo voltou a ser alimentado: esperava-se novo fim para o ano 2000. Que decepção! Apesar disso alguns fizeram fama, ganharam dinheiro e muitos outros, ingênuos ou desequilibrados, fizeram papel de bobos.
Agora, o novo boom apocalíptico é 2012. Apoiados em interpretações mirabolantes do Calendário Maia, querem convencer a todos que em dezembro de 2012, revoluções profundas na crosta terrestre levarão à destruição da vida na Terra. Além de medo, piadas e pitadas de raciocínio, o que a ideia tem rendido mesmo são bons milhões à televisão e ao cinema.
Em A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo, Allan Kardec, analisa passagens evangélicas sobre o “fim dos tempos”, e informa: “A Terra, dizem os Espíritos, não deve ser transformada por um cataclismo, que aniquilaria subitamente uma geração inteira.
A geração atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas”. Essa regeneração, acrescenta, sofreria uma aceleração: “As grandes partidas coletivas não só têm por fim ativar as saídas, mas também transformar mais rapidamente o espírito das massas [...] A multiplicidade das causas de destruição é um sinal característico dos tempos, porquanto eles devem apressar o desabrochamento de novos germens.”
Sejamos sensatos, as atividades geológicas jamais terminaram. Não será o interior da Terra a ser revolucionado, mas a alma humana em seus cataclismos morais. A natureza responderá sempre em harmonia com nossas ações até um novo equilíbrio.
 
Publicado no Jornal o Estao

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