terça-feira, 15 de março de 2011

QUESTIONANDO A ENERGIA NUCLEAR - SÓ AGORA...

Pós-terremoto: usinas nucleares voltam a ser questionadas

O caso do Japão demonstra que nem mesmo a sociedade mais avançada em tecnologia pode ficar imune a um acidente
15.03.2011| 01:30


O mundo acompanha com temor a evolução da catástrofe ambiental, no Japão, devido não só à possibilidade de repetição do fenômeno, mas pelas consequências imprevisíveis em decorrência do vazamento de reatores nucleares em Fukushima. Cresce a convicção de que a construção de usinas nucleares voltará a ser questionada com mais vigor, daqui para frente, no mundo.


Quando explodem, os reatores nucleares contaminam tudo em um raio de até 100 mil km2 e continuam matando por mais de 100 anos, segundo especialistas. Em 1986, ocorreu o pior acidente desse tipo, em Chernobyl, Ucrânia. Naquela ocasião, pereceram sete mil pessoas devido a uma radiação 200 vezes superior às bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Não só: foram contaminados solos e águas de 137 mil km2 de territórios na Ucrânia, BieloRússia e Rússia. Foram também inutilizados 114 mil hectares de terra e 492 mil hectares de floresta, forçando 400 mil pessoas a abandonarem as suas habitações.

O pior é que os prejuízos não ficaram circunscritos nem ao local, nem ao período, atingindo as gerações futuras. Estima-se que mais de 500 mil de pessoas possam continuar a ser afetadas nas próximas gerações. Atualmente, por exemplo, cerca de dois mil casos de cancro na tiroide, em andamento, são relacionados àquele acidente.

Se já havia restrições às usinas nucleares (pelo fato de estas, por razões de segurança, ficarem fora do controle efetivo da sociedade e assim prejudicarem a transparência do exercício do poder, no Estado Democrático de Direito), após o acidente de Chernobyl a rejeição aumentou. Contudo, nos últimos anos ganhou relevância o argumento de que se tratava de energia limpa. Ora, é limpa até que sua produção esteja sob efetiva segurança e não haja um acidente. O caso agora do Japão demonstra que nem mesmo a sociedade mais avançada do mundo em tecnologia pode ficar imune a um acidente.

Esse risco aumenta em países distanciados desse domínio tecnológico específico como o Brasil. O fato de não termos terremotos não nos torna imunes a riscos de acidentes nucleares. Espera-se que o debate cresça, não só lá fora, mas também aqui, entre nós.

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