domingo, 20 de março de 2011

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Opinião

EDITORIAL

Desenvolver sem poluir


20/3/2011
Como oitavo maior emissor de agentes poluidores do mundo, o Brasil tem um sério caminho a percorrer nos próximos anos, no sentido de tentar cumprir a meta de reduzir seu impacto nos problemas climáticos da Terra, mas sem sacrificar seu projeto de desenvolvimento. De acordo com estudo elaborado pelo Banco Mundial, o País poderá chegar a 2030 tendo despejado na atmosfera 29 bilhões de toneladas de gases responsáveis pelo efeito estufa. Esse excesso, entretanto, poderá ser controlado com a adoção de algumas mudanças em métodos tecnológicos e nas ações públicas.

Depois do México, o Brasil é o segundo país alvo das análises do Banco Mundial, através de estudo que envolveu dezenas de especialistas, centros de pesquisa de universidades públicas e representantes de ministérios. Uma adequada transição para o futuro custaria cerca de U$ 400 bilhões até 2030, cifra acima da anteriormente projetada como necessária para deter o processo de despoluição nas duas próximas décadas. As possibilidades de cortes de emissões de gases envolvem atitudes mais diversificadas do que habitualmente se divulga. Seria de grande validade uma intervenção de peso no setor dos transportes, com investimentos maciços nos setores de ferrovias e navegação hídrica, reconhecidamente não poluentes e pouco exploradas.

Também teria considerável parcela de contribuição positiva, nas grandes e médias cidades, a instalação de pistas expressas para ônibus movidos a diesel e, em paralelo, a utilização de metrôs. Até mesmo a construção de calçadas seguras para as caminhada de pedestres e a expansão de ciclovias teriam a capacidade de reduzir 1,6% das emissões perniciosas geradas pelo transporte urbano. Embora mexer no transporte, como um todo, resulte em investimento mais alto até do que reduzir o desmatamento nas florestas, ao final a melhoria da qualidade de vida se faria sentir de maneira bem mais intensa entre vastos segmentos da população.

Poucos se dão conta de que o lixo em decomposição dos aterros sanitários injeta elevadas doses de metano na atmosfera, um gás 21 vezes mais potente do que o dióxido de carbono na contribuição para o aquecimento global. O mesmo acontece com os esgotos domésticos e efluentes industriais, os quais, juntos, poderiam evitar 80% das emissões no campo dos resíduos poluidores.

Estimativas apontam que o Brasil poderia gerar, com seus ventos abundantes, tudo o que consome no presente em eletricidade, o que valoriza extraordinariamente a energia eólica, na qual o Ceará se apresenta como um Estado especialmente privilegiado pela natureza. Este é seguramente um campo de negócios aberto para o futuro próximo.

Nas políticas dirigidas à redução da emissão de gases, um dos fatores mais importantes é se atentar para detalhes por vezes ignorados em avaliações que se limitam a analisar as mais óbvias formas de poluição. Áreas como as dos transportes, do tratamento dos resíduos e da geração de novas formas de energia são também de vital importância quanto à obtenção das metas propostas, devendo ser consideradas em todo planejamento de governo que pretenda cumprir os objetivos enunciados para preservação do Planeta.

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