sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

sobre o envelhecimento e a qualidade de vida

Envelhecer com qualidade

27.09.201002:00


Já há algum tempo o Brasil não pode ser chamado de país jovem. Os levantamentos desta primeira década do século XXI bem demonstram isso. O Censo de 2000 cobriu 5.507 municípios e contabilizou quase 15 milhões de brasileiros acima dos 60 anos de idade.

Em 2008, os brasileiros com 60 anos ou mais eram 21 milhões e esse número correspondia a 11,1% da população total de 5.564 municípios.

O Censo de 2010 está em curso. Ao final da apuração, não será de se estranhar se a parcela de idosos atingir ou até ultrapassar 13% da população brasileira.

A mudança no perfil demográfico do País se deve a avanços na qualidade da vida e a uma maior abrangência da comunicação, de acordo com especialistas. No entanto, muitos são os desafios, principalmente nas áreas de saúde e de assistência social.

Se o País não está preparado para atender adequadamente às necessidades do crescente percentual de idosos, eles próprios resistem à convivência com as limitações da idade. Envelhecimento não é linear.

Perguntamos à Sandra Perito, especialista em arquitetura inclusiva e presidente do Instituto Brasil Acessível, quais os cuidados que o idoso deve tomar para evitar acidentes. Segundo a arquiteta, “o envelhecimento não é linear. Cada um envelhece de maneira diferente e esse é o grande problema. O maior alerta é para que as pessoas comecem a perceber onde estão perdendo habilidade. É difícil que alguém assuma as suas limitações, porque assim vai mostrar que está mais frágil”.

No geral, as nossas casas não foram projetadas e nem adequadas aos moradores mais idosos, embora algumas precauções possam e devam ser tomadas.

Mas é o aspecto psicológico, na visão de Perito, um dos mais importantes fatores da prevenção de acidentes. “A gente precisa pensar antes de o acidente acontecer. A aceitação dos equipamentos de segurança tem que ser mais natural”, diz ela. “Crianças sofrem mais acidentes que os idosos. Escorregar no piso do banheiro, por exemplo, pode acontecer com qualquer um. Uma barra de apoio para lavar o pé é um item de segurança, mas também de conforto.”

Segundo pesquisas, quedas domésticas respondem pelo mais elevado indicador de acidentes com idosos, sendo a maior incidência entre as mulheres e quase sempre à noite, no trajeto que leva do quarto ao banheiro. Para reduzir esse risco, há algumas medidas preventivas simples e que podem melhorar a vida dos idosos e das demais pessoas de qualquer idade dentro de uma casa.

PONTOS DE ATENÇÃO
Levantar abruptamente da cama ou de uma poltrona pode provocar uma hipotensão postural, “como se fosse uma síncope, decorrente de uma baixa da pressão”, diz a médica Agilda da Conceição Meira. Para evitar a queda, muitas vezes atribuída aos chinelos, ela recomenda que a pessoa “se movimente devagar, primeiro colocando as pernas no chão, ficando sentada durante algum tempo para, só depois, se levantar”.

A arquiteta Sandra Perito lembra que “de modo geral, pisos antiderrapantes são ideais, mas não podem ser muito rústicos. Há idosos que arrastam os pés ao caminhar e podem prender o calçado no piso, sofrendo uma queda”.

Outros pontos que merecem atenção redobrada na casa são a sinalização em escadas, as barras de apoio no banheiro e a iluminação. “Uma lâmpada muito forte ofusca a visão. Um dimmer, aquele interruptor que permite reduzir a intensidade da luz, ou vários pontos luminosos mais fracos são opções mais adequadas”, complementa Perito.

Informações adicionais podem ser obtidas no site do Instituto Brasil Acessível (www.brasilacessivel.org.br). O Instituto foi criado por Sandra Perito e parceiros em 2004 e trabalha para que o ambiente construído seja mais favorável à inclusão social das pessoas.

Em tempo: duas datas próximas registram comemorações para os idosos. Em 27 de setembro temos o Dia Nacional e, em 1º. de outubro, o Dia Internacional do Idoso.

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna. Este artigo somente poderá ser reproduzido ou publicado com autorização prévia do autor.

Lucila Cano
lcano@terra.com.br

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