A discussão entre bolinha de papel e balão de água é o ápice da atual Campanha Eleitoral para o cargo máximo da República do Brasil. Mostra com todas as letras e imagens o quanto o atual debate é raquítico e patético. Ao invés de exporem a posição deles diante do abismo educacional, do abismo na previdência, do abismo nas estradas, do abismo na segurança pública… – desde sempre, diga-se, desde que ambos partidecos, PT e PSDB se acharam os soberanos para dirigir essa bagaça chamada Brasil- ambos candidatos e sua matilha de militantes- a maioria deles pagos- debatem teorias da conspiração digna de um pátio de recreio de escola primária.
Enquanto a matilha ladra, volto ao meu assunto predileto: minha candidatura a Presidente nas Eleições de 2038, lançada com confetes e serpentinas na última segunda-feira aqui no portal Terra.
Neste post, detalho minha única, uma e somente uma, prioridade. Sim, porque outra característica comum entre os dois atuais contendores, Dilma e Serra, é a de atribuir o rótulo de “prioridade” a tudo que se move sobre a face da Terra. Repare, para Serra e Dilma, cuidar das obras do PAC é prioridade, cuidar da Saúde é prioridade, cuidar da Educação é prioridade e até cuidar do bicho-de-pé nas comunidades à margem esquerda do Rio Arapinhuns na Amazônia é prioridade. Ou seja, nada é prioridade, é tudo puro blablablá.
A minha única prioridade é Educação. Sabe por que? Por causa do funil. Olha isso:
Atualmente, a meta do próprio Plano Nacional de Educação- PNE- é de colocar 30% dos jovens entre 18 e 24 anos na universidade. Chegamos mal e porcamente a menos da metade disso: 14%, segundo os índices mais otimistas oficiais.
Olha como funcional o funil: somos cerca de 190 milhões de almas no Brasil. Apenas 2,1 milhões conseguem concluir o Ensino Médio, maior parte dos cursos regulares e outros concluintes do EJA- Educação de Jovens e Adultos.
As Universidades e faculdades públicas conseguem oferecer hoje apenas 330 mil vagas. Ou seja, deixa a ver navios cerca de 1.770.000 de jovens anualmente. O setor privado cresceu bastante nos últimos anos, oferecendo as vezes cursos de qualidade no mínimo duvidosa, e oferece para essa massa de excluídos, os Sem Universidade, em torno de 825 mil vagas. Ficam de fora, portanto, 945 mil estudantes com idade inferior a 24 anos que se juntam a uma massa de 7 milhões de outros excluídos do sistema educacional que nem sequer conseguiram chegar à boca desse funilzão.
Não há qualquer perspectiva de melhora. Não há qualquer estratégia séria com dinheiro sólido, abundante, significativo, firme e seguro, como se aplica por exemplo, na aventura do Pré-Sal, pontes, túneis, ferrovias ou transposições de águas do sertão. O Brasil ocupa uma posição vergonhosa, entre os lanterninhas, na classificação do “campeonato” de índices mundiais como o OCDE- Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, um índice que a minha candidatura confia.
Enquanto o Brasil marca 8% de escolarização no nível superior, entre os demais 34 países da OCDE essa taxa é mais de três vezes maior: 26%. Isso significa, para ficar só num exemplo, que os brasileiros tem muito mais chance de receber menos por seu trabalho na idade madura, entre 55 e 65 anos, que é justamente quando os felizes habitantes dos países bem-educados atinge o seu ápice em ganhar dim-dim em razão dos anos de labuta. Para não falar claro, na economia criativa alavancada pela revolução digital. Estamos totalmente fora do jogo importante, vendendo a mesma coisa que vendemos desde o descobrimento do Brasil: matéria-prima.
Houve crescimento no número de vagas nas universidades públicas nos últimos anos? Sim: de 281 mil em 2003 para as tais 330 mil em 2008, 49 mil vagas que beneficiam apenas 6% dos atuais excluídos. Ou seja, apesar dos lindos discursos, quase nada!
Portanto, crianças, fica aqui o meu alerta. Se quiserem resolver esse probleminha, é melhor pensar nisso agora. Vamos parar de falar em bolinha e balão de água e começar a falar em funil? Conto com seu voto… em 2038!
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