sábado, 23 de outubro de 2010

abandono

Abandono pode atingir praia de ponta a ponta

Clique para Ampliar
Na parte velha da Praia do Futuro, o lixo, a falta de iluminação pública, calçadões irregulares, a favelização e os assaltos são problemas sentidos por quem trabalha ou a frequenta
FOTO: KIKO SILVA
23/10/2010
Lixo, falta de iluminação, favelização e assaltos são problemas sentidos na parte "velha" da Praia do Futuro
Um verdadeiro choque de realidade. Essa é a impressão que se tem ao passar da chamada parte "velha" da Praia do Futuro, entre a Rua Renato Braga e a Barraca da Tia, para a parte badalada, que é onde ficam as barracas mais luxuosas e que oferecem estrutura completa para o público. De um lado, o abandono, do outro, o agito. Daí o questionamento que muitos fazem sobre a decisão da Justiça Federal que determinou a demolição dos estabelecimentos da Praia do Futuro. A pergunta é: com a remoção o abandono atingiria toda a extensão?

Hoje, o lixo, a falta de iluminação pública, calçadões irregulares, a favelização e os assaltos são problemas sentidos por quem trabalha ou frequenta a parte "velha" como lazer. Para eles, essas preocupações são mais urgentes do que a ocupação dos empreendimentos. Os próprios empresários se mostram a favor de um ordenamento sugerido há cinco anos, mas nunca executado. Agora, com a decisão judicial o temor é de que pelo menos 4 mil pessoas deixem de trabalhar, que os investimentos sejam em vão e que a cidade perca um de seus principais atrativos turísticos. Por semana, cerca de 120 mil pessoas visitam o local.

A paisagem é de ruínas para quem percorre a Praia do Futuro "velha", onde uma praça destruída faz parte do cenário, a 31 de Março. O espaço virou um grande vazio, mesmo a Prefeitura de Fortaleza já tendo recebido recursos para urbanizar o local, quando cedeu a praça para abrigar o Cirque Du Soleil.

"Não existe movimentação aqui à noite porque não tem luz. Deixamos de gerar emprego por não ter como trabalhar quando escurece", reclama a proprietária de uma das barracas da parte "velha", Fátima Couto.

Para ela, a parte dos grandes empreendimentos é mais assistida até por ter uma demanda maior. Além disso, ela acrescenta que tudo funciona melhor no outro lado porque as barracas acabam oferecendo certos confortos aos usuários, como segurança particular. "Se houvesse melhorias aqui a frequência seria bem maior".

De acordo com o projetista Paulo Mombaça, que frequenta a parte "velha" da praia, a oferta de serviços diferenciados atrai o turista. "Essa megaestrutura das barracas já faz parte do cartão postal da cidade. É o que identifica, de certa forma, Fortaleza". Paulo acredita que se os estabelecimentos forem retirados vai descaracterizar a orla de Fortaleza. "Não tem sentido mexer no que já está inserido no roteiro turístico da cidade".

A explicação da Prefeitura para a não intervenção na Praia do Futuro é a de que a área encontra-se sub judice, por meio de ação ajuizada pela Procuradoria da República no Ceará, em 2008, que determina a demolição das edificações consideradas ilegais porque ocupam espaço de uso comum.

A megaestrutura jamais vista em nenhuma outra cidade brasileira, composta por piscina, parque aquático, lojas, cyber café, revistaria, caixa de bancos e até salão de beleza é o que atrai o público. Visitantes ficam extasiados com o que veem. "Já viajei para vários lugares e nunca vi uma estrutura tão bem montada como essa. A gente fica confortável e se sente bem aqui como se estivesse num spa", conta a gerente de produção, Paula Branco. Para ela, a cidade vai perder muito se os estabelecimentos tiverem de sair. A assistente social de Curitiba, Eva Kendrick afirma que se não existisse toda essa estrutura não frequentaria a Praia do Futuro. "Aqui eu encontrei segurança", diz.

LINA MOSCOSO E MARTA BRUNO

Nenhum comentário: