Seção: Editorias - Categoria: Artigos
Escrito por Natascha Trennepohl* Sex, 24 de Julho de 2009 19:51
A preocupação ambiental foi agregada ao conceito de responsabilidade social das empresas modernas. Hoje elas se deparam com uma nova realidade e não podem estar focadas apenas no preço e na qualidade dos seus produtos, mas devem ir além e ter um comportamento ético e transparente em relação ao meio ambiente. Esta atitude vai repercutir na imagem da companhia e, consequentemente, no crescimento das vendas. A responsabilidade ambiental das empresas tem como fundamento o crescimento sustentável que respeita o meio ambiente. |
No entanto, alcançar a sustentabilidade do negócio não acontece como um passe de mágica. Pelo contrário, é um processo gradual de mudança que vai influenciar a exploração dos recursos naturais, a escolha dos investimentos, a adoção de novas tecnologias e o próprio posicionamento das empresas perante a sociedade.
É um processo lento e complexo, no qual muitos interesses estão presentes e podem entrar em conflito com a preservação do meio ambiente. Apesar disso, um número cada vez maior de práticas empresariais prioriza a compatibilização entre o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente.
A própria Constituição colocou a defesa do meio ambiente como princípio da ordem econômica, destacando a importância de um desenvolvimento econômico sustentável. A princípio pode parecer que o conceito de sustentabilidade é uma utopia e que não é possível alcançá-lo. Você pode até mesmo estar se perguntando como fazer para passar do plano teórico para o prático. A resposta está na aplicação de algumas práticas que podem fazer a diferença em alguns setores.
A construção civil pode ser usada como exemplo. Sustentabilidade tem sido a palavra de ordem nesse setor nos últimos anos. A preocupação com os resíduos, as emissões de CO2 e a economia de água e energia ganhou relevância nos projetos residenciais e comerciais.
Nesse contexto, soluções sustentáveis, como a economia de energia, o uso racional da água ou a utilização das águas pluviais para a irrigação do paisagismo e o abastecimento das bacias sanitárias, são muito bem vindas. Essas soluções não só beneficiam a sociedade e o meio ambiente, como também a imagem e o bolso da empresa.
Já que as questões econômicas são o grande elemento norteador da atividade empresarial, é essencial que se estabeleça a seguinte premissa: desconsiderar o meio ambiente é economicamente e socialmente mais desvantajoso do que prevenir danos ambientais e realizar comportamentos de gestão.
Assim, a empresa sustentável no século XXI não só atende às exigências legais de proteção ambiental, mas vai além e participa ativamente do desenvolvimento de projetos sustentáveis, como algumas companhias de cosméticos no Brasil que já estão utilizando embalagens com refil e produtos certificados, agregando, com isso, valor às suas marcas.
As certificações ambientais estão muito difundidas no mercado mundial e o respeito a padrões técnicos internacionalmente definidos vai ser um ponto chave da atuação empresarial nas próximas décadas. A opção por produtos certificados cresce cada vez mais e os selos ambientais se multiplicam.
O selo florestal (The FSC Label, Forest Stewardship Council) foi desenvolvido com o objetivo de certificar a procedência ambientalmente correta de madeiras ou produtos derivados. O selo foi criado na década de noventa e visa coibir o desmatamento ilegal a partir da certificação das empresas que realizam o manejo florestal de acordo com as normas ambientais.
Outro exemplo é a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) adotada na construção civil para classificar um empreendimento como “construção sustentável”. A instalação de vidros isotérmicos, o tratamento do ar exterior por filtragem e a descontaminação do solo são algumas medidas que ajudam a minimizar o impacto ambiental das construções e fazem a diferença na hora de economizar recursos como água e luz.
Um dos mais conhecidos tipos de certificação ambiental no Brasil é o realizado pelas normas ISO 14000. Essas normas definem parâmetros a serem respeitados e trazem diretrizes para auditoria, rotulagem e avaliação do desempenho ambiental da empresa. A partir da avaliação, é possível planejar e tomar decisões levando em consideração as implicações para o meio ambiente.
É claro que investir em tecnologias limpas ou implantar um sistema de gestão pode custar caro para a empresa. No entanto, destacar-se no mercado por suas práticas ambientais tem se mostrado um bom negócio, pelo menos é o que demonstram os índices de sustentabilidade empresarial internacional (Dow Jones Sustainability Indexes, Bolsa de Nova Iorque) e nacional (Índice Bovespa, Bolsa de Valores de São Paulo).
Esses índices monitoram o desempenho financeiro de grandes empresas com o diferencial de possuírem práticas sustentáveis. As empresas que compõem essa “lista sustentável” podem desfrutar de uma valorização nas suas ações em razão da sua sintonia com a sustentabilidade exigida pela sociedade moderna. Não há dúvidas de que a implantação de uma postura de responsabilidade socioambiental pode ser dispendiosa, mas ela gera bons resultados para a empresa, seja através da valorização no mercado interno ou da aceitação no mercado externo.
* Natascha Trennepohl - Advogada e consultora ambiental, Mestre em Direito Ambiental (UFSC), Doutoranda na Humboldt Universität (HU) em Berlim.
E-mail: natdt@hotmail.com
retirado do site www.neomondo.org.br
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