Água, agenda planetária
22/10/2010
O livro "A Morte Azul", lançado este ano pela Saberes Editora, de autoria do médico Robert D. Morris, Ph.D em engenharia ambiental, mestre em bioestatística e epidemiologia, alerta sobre os perigos de doenças causadas pela contaminação da água. Relata, na forma de romance, as grandes crises com mortalidade em massa por doenças transmitidas pela água, desde a cólera na Londres do século XIX até epidemias nos anos 90 na África, em cidades dos Estados Unidos e Canadá.Especialista internacional nas relações da saúde e água potável, o autor aponta casos na história em que a contaminação hídrica matou milhões de pessoas. O livro é um dos mais graves alertas ambientais e da saúde pública. Antes da identificação da bactéria Vibrio choleare causadora da cólera, o médico John Snow, um pesquisador autônomo, já reunia evidências para provar que a transmissão da doença em Londres se dava pela água. A canalização dos esgotos da cidade para o rio Tâmisa no intuito de proteger a saúde pública agravou numa escala de epidemia os óbitos pela morte azul, denominação dada pela tonalidade do rosto dos pacientes na agonia final. No século XIX, as equipes de Robert Koch, da Alemanha, e Louis Pasteur, da França, identificaram o Vibrio choleare. No século XX as doenças de fonte hídrica ainda são problema de saúde pública. Em 1993 ocorreu a maior epidemia transmitida pela água da história dos Estados Unidos, em Milwaukee, causada por critosporídio. Em Ontário, no Canadá, em 2000, outra epidemia transmitida por coliforme na água, o E. coli O157:H7 atingiu 2,3 mil pessoas. O furacão Katrina que destruiu 1,2 mil estações de tratamento de água e 269 estações de esgoto. O livro evidencia motivos para a inclusão da qualidade da água como uma agenda planetária. Alguns antigos desafios vencidos pela ciência e tecnologia deram lugar a novos problemas que demandam a geração do conhecimento ou apenas a sua aplicação, com investimento. O autor defende a melhoria da qualidade da água e aponta caminhos com indicação do uso das novas tecnologias para a substituição de métodos de tratamento quase seculares.
Luiz Odorico Monteiro de Andrade - presidente do Instituto Centec
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