sexta-feira, 10 de setembro de 2010

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Estimular a fruticultura


8/9/2010
A agricultura familiar no Polígono das Secas tem como característica a produção de milho e feijão, mediante processos arcaicos e dependência das estações chuvosas incertas. Inovar, nesse segmento, exige investimentos privados de forma isolada, diante do pouco estímulo esboçado pelos operadores do crédito público, sempre de olho nas oscilações do tempo, temerosos dos ciclos das secas comprometedores do retorno do crédito aplicado.

Essa conjuntura tem marcado, particularmente, os esforços para a diversificação das culturas agrícolas no bioma Caatinga, estendendo-se, até mesmo, às manchas verdes, onde os rigores das estiagens não são tão acentuados. Nesse contexto, as regiões do Cariri e do Centro-Sul tentam, há algum tempo, difundir a produção da uva, levando em conta fatores mesológicos excepcionais, como a estabilidade do clima, a temperatura elevada e as fontes de água garantidoras da produção irrigada.

As primeiras experiências comprovaram a viabilidade da produção, com algumas vantagens em relação ao cultivo praticado no Vale do São Francisco, como menor ciclo, qualidade e tamanho dos cachos. Entretanto, faltaram os estímulos indutores para uma inovação desse porte. Como o pequeno produtor rural, por tradição, é um descapitalizado, a maior parte das experiências não foi adiante. Entretanto, o negócio, se bem conduzido, mostra-se rentável.

Os sertões dos Inhamuns são conhecidos pela baixa pluviosidade, processo de desertificação e solos adaptados apenas a algumas culturas, especialmente as de sequeiro. Pois bem. O sol escaldante da região será em breve matéria-prima para a exploração de uma usina pioneira de geração de energia solar. Com ela projeta-se, também, a montagem de outra indústria dos equipamentos exigidos para o consumo desse tipo de energia alternativa.

No meio agrícola, a insistência de um produtor rural de Catarina começa a gerar resultados estimulantes à produção de uva de mesa, depois de explorar o cultivo de maracujá, goiaba, laranja e hortaliças, com o emprego de sistema de irrigação. A primeira produção da uva começou depois de dez meses do plantio, quando na Bahia ela somente ocorre no décimo primeiro mês. Nos Inhamuns, o ciclo produtivo é de apenas quatro meses e a comercialização já tem mercado certo.

Na primeira experiência de cultivo da uva no Cariri, levaram-se em conta os solos férteis, as águas reservadas e o clima quente e seco. Dela restam poucos cultivos bem-sucedidos no Crato, em Mauriti e em Missão Velha. Mauriti apresenta a maior área cultivada, com 14 hectares. Missão Velha conseguiu o maior índice de produtividade pois, em sete hectares plantados, a produtividade chegou a 42 mil quilos por hectare. Só Juazeiro do Norte absorve toda a produção.

No Centro-Sul, as experiências surgiram em Iguatu. Depois, em Catarina, aproveitando as áreas de serra, o pouco espaço plantado produziu 16 mil quilos. Um programa indutor dessa cultura poderia tornar o Estado produtor de uva tanto para consumo "in natura" como para suco industrializado.

fonte: DIÁRIO DO NORDESTE 

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