Artigo
Primeiro de maio: 120 anos de tradição
Lindercy Lins
Professor do Departamento de História da UERN - Mossoró lindercy@gmail.com
01 Mai 2010 - 03h25min
A data de 1° de maio de 1886 fora escolhida pelas entidades sindicais estadunidenses como um dia de protestos pela redução na jornada de trabalho. Nesse dia, 350 mil operários foram às ruas exigindo oito horas diárias de trabalho. Houve greves em vários locais. Em 4 de maio de 1886, no calor das manifestações, na Praça Haymarket, em Chicago, um destacamento policial se posicionou para dispersar um comício operário. Em torno da intervenção policial ocorreu uma explosão no meio da multidão, ocasionando a morte de sete policiais, o que serviu como revide à repressão estatal provocando dezenas de mortes e prisão de operários, entre eles, oito líderes do movimento, na maioria tipógrafos alemães emigrados de tendência anarquista. Professor do Departamento de História da UERN - Mossoró lindercy@gmail.com
01 Mai 2010 - 03h25min
O episódio ficou conhecido como ``Massacre de Chicago``. De maneira célere, os líderes foram condenados à morte ou prisão perpétua. Chegavam de vários países moções de repúdio ao ato da Justiça que tardiamente reviu sua decisão em meio aos protestos que persistiam. No entanto era tarde, pois dos oito condenados, apenas três puderam usufruir a liberdade. Os mártires de Chicago tornaram-se símbolos da luta pelos direitos dos trabalhadores, abraçados pelo movimento operário mundial. Após os eventos de Chicago, eclodiu um movimento internacional de afirmação da luta operária, estabelecendo o dia primeiro de maio como marco para o processo de conquista das oito horas de trabalho diárias.
Em 1889, a 2° Internacional dos Trabalhadores estabeleceu o Primeiro de Maio como dia da mobilização operária internacional. O resultado da mobilização de 1890 surpreendeu pela imensa adesão dos trabalhadores. A data marcou tanto o ideário do operário que começou a ser repetida ano após ano. Os trabalhadores saíam das fábricas para relembrar o luto pelos mártires e protestar por melhores condições de vida.
O 1º de maio carregava simbologia de resistência à ordem, pois era um dia em que os trabalhadores não produziam a riqueza para o patrão, numa alusão à transformação da sociedade, na esperança de que todos os dias do ano fossem como o 1º de maio, um dia em que o operário deixaria de ser explorado e exerceria a autonomia da produção, gozando dos direitos à liberdade, à igualdade e à fraternidade, lemas da Revolução Francesa que ressoavam na consciência dos anônimos explorados.
No decorrer da história, observa-se constante disputa em torno do mote político-ideológico da data, ora se constituindo como ``dia do trabalho``, sob forma de homenagem do Estado aos ``colaboradores do progresso``, desmobilizando os trabalhadores ao oferecer um feriado, ora como ``dia do trabalhador``, ou seja, destinado à reflexão dos trabalhadores sobre sua condição, no intuito de sociabilização e combate ao capital, no binômio luto-luta. Atualmente percebe-se o esvaziamento das comemorações de 1º de maio que, ao longo dos anos, é burocraticamente repetido como mera formalidade pelas centrais sindicais.
Lindercy Lins é autor da dissertação "Um dia, muitas histórias: trajetória e concepções do 1º de maio em Fortaleza & da Primeira República ao Estado Novo"
Um comentário:
fui aluna da turma de história na uern,foi um prazer te lindercy como meu professor hoje ao ver este artigo mim sente muito feliz,pois temos na uern ele como dos melhores professores e orientado de trabalho como monografia.e artigo. sou katia cãndida de tenente ananias.
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