terça-feira, 12 de janeiro de 2010

UMA REFLEXÃO SOBRE AGROECOLOGIA

Artigo

Políticas públicas para a agroecologia

Luiz Antônio Maciel de Paula
12 Jan 2010 - 00h42min

O planejamento governamental a partir do Plano Plurianual (PPA) estabeleceu regras do jogo, pelo menos no que se refere à definição de políticas de Estado e sua permanência & independente da mudança de governo &, consolidando-se na forma de programas e projetos sociais e produtivos.

Na área da agricultura, consolidaram-se programas tais como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PPA). Sob a coordenação Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a política atual para a agricultura familiar tem como eixos estratégicos o combate à pobreza rural (territórios), a segurança alimentar (PAA), a geração de renda e agregação de valor (biodiesel) e a sustentabilidade (agricultura de base ecológica); atuando de forma articulada às outras políticas de reforma agrária, qualificação da produção (assistência, extensão, crédito e garantias de renda e comercialização), territórios da cidadania e plano safra e mais alimentos.

A agroecologia é considerada no contexto dos programas sob a responsabilidade da Secretaria de Agricultura familiar através do Programa Nacional de Apoio à Agricultura de Base Ecológica nas Unidades Familiares de Produção. Segundo o MDA, trata-se de um instrumento para fortalecer a agricultura familiar que visa à articulação de políticas públicas destinadas a apoiar agricultores familiares e outros povos da terra, bem como organizações governamentais e ONGs, e instituições implicadas em processos de desenvolvimento rural, para que possa estabelecer mecanismos de apoio e estratégias para ações que propiciem a transição agroecológica dos modelos produtivos convencionais para estilos sustentáveis de agropecuária.

Entretanto, o planejamento por si não é condição suficiente para assegurar a sustentabilidade das políticas. Outro aspecto relevante diz respeito à gerência social dos programas. Exige-se uma compreensão e uma adesão por parte dos gestores de forma a levá-los a praticarem esse conceito com ética e compromisso profissional para assegurar a transição. Neste sentido, a avaliação dos programas cumpre um papel importantíssimo de extrapolar os conceitos de eficiência e eficácia, tendo em vista que se trata de gestão social e não empresarial. O conceito de efetividade amplia a análise típica da avaliação econômica e financeira & que considera apenas a relação entre o custo e o benefício & e destaca a importância do impacto dos projetos. Ou seja, o custo não deve ser comparado apenas com o benefício em termos monetários, mas também com o impacto em termos de resultados na melhoria de vida das pessoas.

Portanto, a elaboração, a execução e a avaliação de programas devem ser participativas e, acima de tudo, devem contemplar os preceitos da sustentabilidade de maneira a assegurar o sucesso da política. O tempo dirá se a concepção atual das políticas para a agricultura familiar é de fato sustentável e transformadora da realidade social do campo.

Luiz Antônio Maciel de Paula - Ph.D. em Economia Agrícola,

pós-doutorado em Políticas Públicas
ldepaula@ufc.br

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