Editorial
Acordo incompleto
22/12/2009
Para decepção dos defensores da preservação do meio ambiente em toda a Terra, terminou com um tímido e evasivo acordo a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP15), que reuniu líderes e presidentes de dezenas de países em Copenhague, Dinamarca, com o declarado objetivo de negociar medidas e estabelecer diretrizes para deter, eficazmente, as causas das danosas mudanças climáticas.
Em decorrência da resistência e intransigência dos Estados Unidos e da China, exatamente os dois países recordistas em emissões de gases poluidores da atmosfera, ocorreu uma improvisada negociação final, reunindo líderes do Brasil, Índia, China, África do Sul e países europeus com o presidente Barack Obama.
Nela se estabeleceu um compromisso de caráter não vinculante, considerado ineficiente, propondo que os governos de países desenvolvidos e em desenvolvimento se comprometam a limitar o aquecimento global a dois graus centígrados, dentro dos próximos anos.
Também ficou decidida a elaboração de um mecanismo para que as nações ricas financiem os países menos favorecidos, no sentido de que eles possam conseguir deter suas emissões de CO2 e adotar outras medidas com a finalidade de enfrentar o célere processo de aquecimento ora em curso. Foi proposta, em paralelo, a criação de um Mecanismo de Tecnologia, com a responsabilidade de incrementar a transferência de modernos recursos tecnológicos que ajudem nesse futuro sistema de adaptação à nova realidade.
O texto do acordo, severamente criticado por entidades e líderes atuantes no campo das causas ecológicas, também determina que os países beneficiados devam fornecer “informações nacionais” sobre de que forma estão combatendo o aquecimento global, através de análises feitas sob padrões claramente definidos, numa espécie de prestação de contas da ajuda que lhes será prestada.
Em atuação incisiva, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva chamou a atenção dos governantes de nações desenvolvidas por estes falharem no que poderia ter sido “o acordo do século”, além de comprometer-se, em nome do Brasil, a ofertar uma contribuição em dinheiro para o fundo global do clima, mesmo que isso represente, no momento, um sacrifício para o País.
Há apenas dez anos, o planeta ainda apresentava condições de oferecer comida e água em razoável quantidade à população terrestre. A partir de então, por causa da célere interferência dos agentes poluidores no processo de degradação das reservas naturais, está ameaçada a sobrevivência de inúmeras espécies e da própria humanidade, em um futuro não tão remoto, se algo não for feito, com firme determinação para, pelo menos, minimizar a devastadora escalada.
Embora tenha ficado definido que o texto atual deverá ser revisado até 2016, com o estabelecimento de novas metas a serem cumpridas, está mais do que na hora de se tornarem realidade, na prática, as próprias afirmações anteriores do agora reticente Barack Obama: “As discussões internacionais sobre o clima acontecem há duas décadas. O tempo das palavras acabou”.
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