Editorial
Compromisso ambiental
A posição do Brasil em estabelecer uma meta ousada de redução de gases poluentes , diante da complexidade do tema, deve ser vista como um avanço
14 Nov 2009 - 20h19min
O governo brasileiro anunciou que vai levar à Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, este ano, em Copenhague, o compromisso de o País reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa entre 36,1% a 38,9% até 2020. Isso equivaleria a uma redução de 975 milhões a 1,05 bilhão de toneladas de CO2 na atmosfera. A conta foi feita levando-se em conta um crescimento do PIB de 5% ao ano até aquele período.
De acordo com o compromisso assumido pelo Brasil, os cortes ocorrerão em diversos setores, como na Amazônia, onde a repressão ao desmatamento reduzirá em 20,9% as emissões; no cerrado, com uma expectativa mais modesta de redução de 104 milhões de toneladas de CO2 ou 3,9%; ou com a com a introdução do ``aço verde`` - o uso de carvão vegetal oriundo apenas de reflorestamento -, onde se espera um corte de 8 a 10 milhões de toneladas de COW ou 0,3% a 0,4%.
As primeiras críticas a meta estabelecida apontam para a falta de um melhor detalhamento das medidas a serem tomadas para se atingir o objetivo estabelecido. Fato que o próprio governo admite, ao revelar que o compromisso assumido não seria uma tarefa exclusiva do Governo Federal, mas que incluirá ações dos estados e da iniciativa privada.
É preciso que se entenda, porém, que o objetivo com o anúncio do compromisso brasileiro, é também marcar uma posição política em relação aos países mais poluidores. O Brasil, quinto maior emissor de gases-estufa, vinha sendo cobrado por países ricos e pela ONU a por um número à mesa de discussões, e, em princípio, relutava em fazê-lo, considerando não ter a obrigação de cortar essas emissões. Agora, força indiretamente que esses países desenvolvidos também assumam posições ousadas e paguem sua cota pelo que fizeram nesses anos todos em que cresceram de forma desregrada no que diz respeito ao meio-ambiente. Além disso, de acordo com a Convenção da ONU sobre o Clima, os países em desenvolvimento não são obrigados a adotar metas.
Outro aspecto em relação a questão, é que dentro do governo haviam setores que se opunham ao estabelecimento de metas, diante a perspectiva de um crescimento do PIB nos próximos anos bem acima da média verificada atualmente. Os que se mostravam contra o estabelecimento do compromisso ambiental de redução, defendiam que o Brasil vive um momento especial na sua economia e poderia vir a ser prejudicado por um possível entrave ao crescimento econômico. A posição do Brasil, portanto, diante da complexidade do tema, deve ser vista como um avanço.
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