Editorial
Esperanças no patrimônio de Fortaleza
Nem tudo está perdido quando diversas iniciativas recuperam ícones culturais
05/07/2010 02:00
Atualizada às: 05/07/2010 00:46
Os patrimônios cultural, histórico, artístico, material e até o imaterial do Brasil sofrem, continuamente, ameaças contra sua preservação, havendo riscos até de sumiço e extinção. Mas, iniciativas públicas, particulares ou mistas de salvação motivam esperanças de que nem tudo está perdido ou sob perigo.
As matérias “Painel de Zenon Barreto é restaurado”, da repórter Daniela Nogueira (página 3), e “Praça deve ficar pronta em dezembro”, da jornalista Rosa Sá (página 10), da Editoria Fortaleza, na edição de sexta-feira passada, dia 2, do O POVO, são registros de que reivindicações de várias procedências podem surtir resultados. No caso do painel supracitado de Zenon, Os estivadores, enquanto esteve danificado no edifício que sediou, anteriormente, o Centro dos Exportadores, na avenida Alberto Nepomuceno, 77, foi tema de mais de uma reportagem assim como de editoriais do O POVO. Era preocupação também da classe artística de Fortaleza, tanto a contemporânea quanto a sucessora da geração de Zenon. Assim como da família do artista plástico, representada pelo filho, o músico Frederico Barreto. Atualmente, a edificação ostentando Os estivadores abriga o Anexo 4 da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz) que, por meio de uma parceria com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult), viabilizou a recuperação, a cargo do artista Carlos Macêdo, coordenador das Artes Visuais para o Ceará.
Por ironia do destino com o endereço do painel, na década de 1970, na rua Senador Pompeu, no trecho entre Liberato Barroso e Pedro Pereira, foi demolida a casa onde nasceu o maior compositor cearense, Alberto Nepomuceno (1864-1920). Isso num decênio marcado por negligências ao patrimônio em Fortaleza, incluindo a derrubada em 1974 do castelo do Plácido, localizado entre as avenidas e ruas Santos Dumont, Carlos Vasconcelos, Costa Barros e Monsenhor Bruno. A mansão, então semiarruinada mas recuperável, foi arrasada para a construção de um supermercado nunca erguido. Restaram só os castelinhos laterais.
Mas, em 1979, a então primeira-dama do Estado, dona Luiza Távora, propôs no endereço a implantação da Central de Artesanato (Ceart), que recebeu a denominação dela. Atualmente, o logradouro, cujo nome igualmente homenageia a esposa do ex-governador Virgílio Távora, passa por melhoramentos pelo Departamento de Edificações e Rodovias (DER), do Ceará .
Seria, inclusive, uma boa ideia que os paisagistas da obra pesquisassem fotos do castelo original e que, além da manutenção das espécies já existentes, replantassem outras cultivadas na época em volta da casa grande. Abrangendo a árvore-do-viajante, um exemplar que reapareceu publicamente dos últimos anos para cá, inicialmente no ajardinamento do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
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