quinta-feira, 4 de março de 2010


leia editorial do Jornal o Povo sobre a situação da caatinga no Ceará


Opinião

Caatinga em perigo

O Brasil possui um bioma único no Mundo - a caatinga - mas não o trata com a atenção merecida, reagindo muito lentamente contra sua destruição
04 Mar 2010 - 01h47min
Resultados de estudo realizado entre os anos de 2002 e 2008, pelo Ministério do Meio Ambiente, sobre a situação da caatinga revelaram que o Ceará é o segundo Estado (o primeiro é a Bahia) a realizar o maior desmatamento desse bioma, no período avaliado. Dos 20 municípios que mais desmataram, nesse período, sete estão em território cearense. Na verdade, nesses seis anos observados, o Ceará desmatou 4.132 km² do total de 16.576 km² devastados (correspondentes a 2.152 campos de futebol). A extensão da caatinga, no País, mapeada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é de 826.411,23 quilômetros quadrados. Desses, quase a metade (45,39%) foram totalmente devastados. Esse descaso para com um bioma exclusivo do Brasil é institucional. Basta ver que a caatinga não foi incluída entre as demais regiões (Floresta Amazônica, Mata Atlântica e Pantanal) contempladas pela Constituição Federal como ``patrimônio nacional``, e, no entanto, se estende por 11% do território brasileiro. Sua importância é fundamental para o Brasil, não só pelo aspecto biológico (flora e fauna específicas), mas pelo potencial econômico ainda pouco valorizado e que se encontra ameaçado. A fragilidade do seu ecossistema torna-o altamente vulnerável aos condicionantes de ordem climática e de intervenção humana. É aí que se concentram os perigos da desertificação. O Ceará tem seu território quase todo situado no Polígono das Secas e a caatinga se estende por 83% de sua área, o que exige cuidados especiais, já que fica muito vulnerável à desertificação. Na verdade, 10,2% do território (15.130 quilômetros quadrados) já estão dominados pela desertificação. O maior fator de destruição da caatinga cearense é a produção de carvão vegetal para olarias, padarias e fogão doméstico. Também o manejo incorreto do solo contribui para a erosão e, consequentemente, desertificação. Combater as causas da desertificação exige o enquadramento dessa realidade social e compreende desde o fornecimento de outro tipo de energia para olarias e padarias, como a implementação de outros meios de garantir o sustento para as populações que dependem da renda originada pela venda de lenha e carvão. Diagnósticos sobre a situação já foram amplamente realizados, bem como a identificação dos meios tecnológicos para o convívio com os desafios do semiárido. O que resta mesmo é vontade política do governo central, do Estado e dos municípios para por em ação os projetos destinados a reverter essa situação. Os meios técnicos e humanos existem, faltam o empenho estratégico e os recursos financeiros para por em funcionamento o que já está disponível.Cabe aos representantes cearenses no Congresso uma ação suprapartidária para sensibilizar Brasília em relação a es

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