Deserto tropical
Por: Viaje Mais
Depois de se refrescar numa lagoa de águas límpidas – formada pela água da chuva represada por entre montes de areia –, o grupo de turistas volta a seguir pelas dunas para achar um bom lugar para contemplar o pôr-do-sol. Enquanto o céu é tingido em tons de laranja e rosa pelos últimos raios de sol do dia, uma rajada de vento é sentida. Mas, espere aí, não foi vento: foi o voo rasante de uma gaivota. E não é que a bichinha seguiu fazendo isso enquanto os “intrusos” permaneceram por ali? Ela certamente queria proteger um ninho, escondido na vastidão das areias dançantes deste ponto dos Lençóis Maranhenses, um parque nacional no extremo norte do Maranhão onde, vira-e-mexe, o visitante fica em comunhão plena com a natureza, seja em situações às avessas, como essa, ou nos espetáculos que só quem se embrenha Lençóis adentro tem a felicidade de conferir. Por espetáculo entenda-se a inusitada mistura de dunas, rios, mar, manguezais e milhares de lagoas cristalinas, a maioria formada no período chuvoso, e que, por causa disso, só existe entre maio e setembro. Isso quer dizer que esta é a época em que os Lençóis estão em pleno esplendor. Então, está esperando o quê para se aventurar por este cenário surreal e único no mundo?
Delta das Américas
Feitos normalmente a partir de Barreirinhas, a visita às dunas e lagoas do parque nacional, o tour de barco pelo Rio Preguiças e o passeio num monomotor (para sobrevoar dos Lençóis até o litoral maranhense) são os programas campeões de preferência dos turistas que visitam a região. Mas há muitos outros passeios que podem tornar a viagem aos Lençóis Maranhenses uma inigualável experiência em termos de ecoturismo. É possível fazer uma longa caminhada pelas dunas para chegar a oásis, como Queimada dos Britos, onde pouco mais de uma dezena de famílias vive solada da civilização. Ou seguir para a cidadezinha de Santo Amaro do Maranhão, que também faz parte do parque nacional De Barreirinhas,
embarcar numa caminhonete 4X4 para percorrer meros 70 km em três horas, numa estrada muito ruim e com vergonhosos trechos de terra e areia, pode não ser uma grande idéia. Mas reconsidere a questão por ter à frente a chance de passar por casas de farinha ainda na ativa e por mulheres cantando e lavando roupa à beira do rio, até chegar a Tutóia, que começa a despontarturisticamente como alternativa para explorar, também do lado do Maranhão – e não apenas pelo Piauí –, o Delta das Américas. Trata-se de um dos únicos deltas do mundo em mar aberto, em que o Rio Parnaíba, antes de encontrar o oceano, abre-se em cinco braços: Tutóia, Melancieiras, Ilha do Caju e Ilha Canárias, no lado maranhense, e Barra do Rio Igaraçu, que desemboca na cidade piauiense de Luís Correia, pertinho de Parnaíba. Para quem tem espírito aventureiro e curte ouvir muitos casos e “causos”, o melhor mesmo é embarcar em Tutóia, cuja estrutura para explorar o delta é incipiente se comparado ao que é oferecido na piauiense Parnaíba. Diz o pescador Josias Brandão de Sousa Filho, de 38 anos, que usa uma biana (embarcação artesanal de 7,70 metros utilizada para pesca) para levar até oito passageiros em passeios rio afora: “Não dá pra comparar com os barcos grandes.
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